Cabelinho na Régua (part. MC Meno K)

Identidade e autoestima em "Cabelinho na Régua (part. MC Meno K)"

"Cabelinho na Régua (part. MC Meno K)", de MC Cego Abusado, explora como o visual e o estilo pessoal, representados pelo corte de cabelo impecável e a camisa de time, são símbolos de pertencimento e autoestima nos bailes das periferias brasileiras. O verso “Hoje é dia de baile / Tô naquele pique / Cabelinho na régua / Camisa de time” mostra a preparação para o baile, espaço central de socialização e afirmação cultural para muitos jovens. O cuidado com a aparência não é apenas vaidade, mas também uma forma de se sentir parte do grupo e pronto para viver a experiência do baile.

A letra retrata o ambiente do baile de forma direta, mencionando consumo de bebidas (“bebida cavalo branco”), uso de drogas (“aqui nóis fuma um”) e liberdade sexual (“putaria rola firme / novinha bate o bumbum / vê quem vai dormir comigo”). Esses elementos refletem o cotidiano e os valores de quem frequenta esses eventos, onde diversão, ostentação e busca por prazer são centrais. A expressão “só os que tá de peça que vai embicar” sugere que apenas quem está preparado ou armado participa das situações mais ousadas, evidenciando a influência do contexto social das comunidades. A parceria entre MC Cego Abusado, de Recife, e MC Meno K, de Porto Alegre, destaca a força do brega funk como ponte entre diferentes regiões do Brasil, reforçada por referências à “camisa do Grêmio” e à “Rocinha”. O sucesso da música, impulsionado por figuras como Gabigol, mostra como o gênero se tornou símbolo de celebração, resistência e afirmação para a juventude das periferias.