Apologia

Violência e resistência nas ruas em “Apologia” de MC Daleste

“Apologia”, de MC Daleste, apresenta uma visão direta e sem filtros do universo do crime nas periferias, especialmente dentro do contexto do "proibidão". A música ficou marcada por versos como “Matar os polícia é a nossa meta”, que, além de chocarem, expressam um desafio explícito à autoridade policial. Esse tom provocador gerou grande polêmica, principalmente após a morte do artista, e levantou debates sobre os limites da arte e da liberdade de expressão. Daleste, no início da carreira, usava suas letras para retratar e, ao mesmo tempo, exaltar a vida criminosa, refletindo a realidade de muitos jovens que veem o crime como forma de sobrevivência e resistência diante da exclusão social.

A letra narra a trajetória de ascensão no crime, começando com “menor, já no 157” (referência ao artigo do Código Penal sobre roubo) e chegando a “especialista, formado na faculdade criminosa”. Essa metáfora da "faculdade criminosa" mostra como o crime pode ser visto como um caminho de aprendizado e status, quase como uma carreira alternativa. O detalhamento do arsenal, com menções a armas de uso restrito e estratégias de guerrilha, reforça o clima de guerra urbana e a sensação de domínio territorial: “São Paulo, SP, a grande capital é toda nossa”. O tom da música mistura afronta e pertencimento, mostrando um grupo que se enxerga como verdadeiro poder nas ruas, em oposição ao Estado. Assim, “Apologia” não apenas faz apologia ao crime, mas também revela a mentalidade de quem vive à margem, usando a violência como forma de expressão e sobrevivência.