Dia de Visita 2

Solidão e saudade em "Dia de Visita 2" de MC Daleste

"Dia de Visita 2", de MC Daleste, expõe de forma direta o sofrimento de quem está preso, especialmente quando o contato com a família se perde. O dia de visita, que deveria ser um momento de alívio, acaba ampliando a dor do protagonista, pois a ausência dos entes queridos fica ainda mais evidente. Isso aparece claramente no verso: “Graças àquele dia de visita / Só pioraram meus problemas da vida”, mostrando que, para ele, a visita não traz consolo, mas sim um lembrete do que foi perdido.

A letra traz confissões de culpa e saudade, como no trecho em que Daleste relata o crime cometido e o arrependimento: “me arrependo / De ter roubado a eco sport dia 20 de dezembro / Não era pra ser assim duas vítimas fatais”. O pedido para que as vítimas não reagissem, seguido pela tragédia, reforça o peso da responsabilidade que ele sente. A saudade da filha Victória e da companheira Ângela, citadas pelo nome, humaniza o sofrimento e destaca a importância dos laços familiares para quem está privado de liberdade. O tom melancólico se intensifica em frases como: “Não tenho mais motivos pra viver / Só Deus e eu que sei a dor de perder / Quem mais você ama de uma hora pra outra”, evidenciando o desespero e o vazio. MC Daleste retrata, assim, a dura realidade das periferias e o impacto do encarceramento, mostrando que o maior castigo muitas vezes é a distância e a perda dos vínculos afetivos, mais do que a prisão em si.