Sede de Vencer (part. Ferrugem)

Contrastes sociais e superação em “Sede de Vencer (part. Ferrugem)”

"Sede de Vencer (part. Ferrugem)", de MC Hariel, aborda o dilema vivido por quem conquista sucesso vindo de uma realidade difícil. A letra expõe como a busca por vitória traz não só conquistas, mas também novos desafios internos, como o medo de se perder diante da fama e do dinheiro. O trecho “Quanto mais tenho sede de vencer, mais eu corro, é assim que acontece / Quanto mais rezo pra me proteger, mais assombração me aparece” mostra essa tensão, revelando que o progresso material pode vir acompanhado de inseguranças e pressões invisíveis.

O contexto do álbum "Eh Noiz Ki Tá" reforça o vínculo com as origens e a vivência nas favelas. A música utiliza referências a motos e carros de luxo, como em “Essa cidade é grande demais pra CG / Mas também pode ser pequena pra Velar / Diferenças que moram aonde ninguém vê / Mas quem viveu na pele, sabe reparar”, para ilustrar o contraste entre a vida simples e a ostentação. A letra também critica a superficialidade das conquistas materiais – “Dinheiro, mulher, carros e grife / Coisas fúteis que ontem não tive” – mas reconhece o impacto que esses bens têm para quem nunca os teve. A participação de Ferrugem traz sensibilidade ao tratar das consequências emocionais dessa trajetória, como o medo de se perder no “mar de ego” e a preocupação com a família. Ao citar o menino de 13 anos que já “é um homem feito”, a música denuncia a perda precoce da infância nas periferias e responsabiliza o sistema por isso. Apesar das dificuldades, a esperança e a vontade de vencer permanecem como forças centrais na canção.