Marijuana

Vivência e resistência cotidiana em "Marijuana" de MC Kadu

Em "Marijuana", MC Kadu utiliza a personificação da maconha como "Mary Ruana" para transformar a substância em uma companheira de jornada, o que torna o tema do consumo mais leve e próximo do ouvinte. Esse recurso permite que o artista compartilhe experiências pessoais e coletivas de forma descontraída, como no verso “Eu dando uns pega nela e vendo o dia amanhecer”, que retrata momentos de tranquilidade e fuga da realidade. A letra também expõe os conflitos gerados pelo uso da maconha, seja no ambiente familiar — “Fez meu coroa ficar cheio de ódio querer dá uma surra” — ou com a polícia — “mas também já me viu tomar salve de viatura”. Essas situações refletem o cotidiano de muitos jovens em comunidades brasileiras, onde o consumo é cercado de estigma, repressão e busca por pertencimento.

O tom direto e cotidiano da música reforça a normalização do consumo, sem glamourizar ou demonizar a experiência. MC Kadu destaca que seu uso é pessoal e não comercial: “Fumei só daquilo que foi meu bolso que plantou / Não precisa brisar em mim, não sou revendedor”, afastando o estereótipo do traficante e afirmando sua autonomia. O refrão repetitivo — “Sem estresse eu tô relax, dá meu beck” — resume o desejo de viver sem julgamentos e pressões externas, buscando apenas um momento de paz. Ao abordar o tema de forma leve, mas sem ignorar os conflitos sociais e familiares, MC Kadu cria uma narrativa de identificação e resistência cotidiana para muitos ouvintes.