Negras Em Marcha (part. Leci Brandão)

Legado e resistência em "Negras Em Marcha (part. Leci Brandão)"

"Negras Em Marcha (part. Leci Brandão)", de MC Luana Hansen, transforma a denúncia social em um chamado coletivo à ação, conectando a luta das mulheres negras de hoje à ancestralidade e à memória de figuras históricas. Quando a letra afirma: “Eu sou Tereza de Benguela, eu sou / Carolina de Jesus, eu sou”, não se trata apenas de uma homenagem, mas de uma reivindicação do legado dessas mulheres. A música mostra que a luta atual é uma continuação direta do enfrentamento ao racismo, machismo e exclusão vivido por nomes como Dandara, Chiquinha Gonzaga, Luiza Mahin e Anastácia. Assim, cada mulher negra é apresentada como herdeira da força dessas guerreiras, tornando a marcha um ato de afirmação coletiva e identitária.

A canção também faz críticas claras à estrutura social e midiática que perpetua a opressão. Versos como “Cansada de uma mídia sexista e racista / Que só promove a violência física” e “Falta creches, escola, uma mídia igualitária / Enquanto isso a mulher negra vive em condições precárias” cobram políticas públicas e igualdade de oportunidades, além de denunciar o genocídio da juventude negra e a criminalização da população negra. O refrão “Marcha contra o racismo, eu vou / Marcha contra violência / Marcha pelo bem viver” resume o espírito de mobilização e esperança, destacando a união como caminho para a transformação social. Ao valorizar elementos culturais como o tambor, o turbante e as religiões de matriz africana, a música reafirma a importância da cultura e da ancestralidade como instrumentos de resistência e orgulho, tornando-se um hino de empoderamento e luta coletiva das mulheres negras brasileiras.