Heroi Ou Vilão

Ambiguidade social e resistência em “Heroi Ou Vilão”

A música “Heroi Ou Vilão”, de Mc Orelha, aborda de forma direta a complexa realidade dos jovens das periferias, especialmente aqueles envolvidos no tráfico. A letra destaca como a mesma pessoa pode ser vista de maneiras opostas: “terror dos bacana e o sonho de muita criança”, mostrando que o traficante é, ao mesmo tempo, temido por uns e admirado por outros. Esse contraste revela a ambiguidade moral presente no cotidiano dessas comunidades, onde a falta de oportunidades faz com que símbolos de violência, como o fuzil, sejam também vistos como instrumentos de esperança e ascensão social, como em “Que enxerga num fuzil um futuro com esperança”.

A canção funciona como uma denúncia social, questionando os rótulos impostos pela sociedade. No verso “Herói ou vilão, me chame do que quiser”, Mc Orelha evidencia que a identidade desses jovens é moldada tanto pelo olhar externo quanto por suas próprias experiências. A busca por respeito e reconhecimento pode levar a escolhas extremas, refletidas em trechos como “Tem dia que é matar, dia que é sobreviver” e “Atividade não dorme, nem na hora do lazer”. Esses versos retratam a rotina de tensão e sobrevivência no morro, onde a violência é constante e a criminalidade surge como resposta às condições impostas pelo ambiente. O uso de gírias e o tom realista reforçam a autenticidade do relato, mostrando o funk carioca como uma importante voz das comunidades marginalizadas.