Pulp Fiction (part. Agnes Nunes)

Contrastes urbanos e afetivos em “Pulp Fiction (part. Agnes Nunes)”

“Pulp Fiction (part. Agnes Nunes)”, de Xamã, destaca-se por unir referências da cultura pop e urbana a um retrato direto da realidade social brasileira. O título faz referência ao filme de Quentin Tarantino, conhecido por sua narrativa fragmentada e personagens à margem, o que se reflete na letra ao abordar vidas marcadas por violência, perdas e a busca urgente por afeto em meio à “miséria implorando por amor”. O refrão, interpretado por Agnes Nunes, reforça o sentimento de desamparo e a necessidade de conexão, enquanto os versos de Xamã alternam entre experiências pessoais e observações sociais, situando a narrativa em bairros do Rio de Janeiro e citando nomes como Cypress Hill, Wesley Snipes, DamassaClan e Baguá para criar uma identidade urbana e autêntica.

As menções a “Street Fighter”, “Wesley Snipes” e “Cypress Hill” funcionam como símbolos de resistência, luta e pertencimento. Ao citar bairros como Bangu, Catete e Laranjeiras, Xamã ancora a música em um contexto real, mostrando que a violência e a desigualdade fazem parte do cotidiano, mas também há espaço para arte, amizade e esperança. O verso “Eu não me curvo a likes” critica a superficialidade das redes sociais, enquanto “meus versos são problemas seus” sugere que a arte pode ser tanto um refúgio quanto um incômodo para quem evita encarar a realidade. A parceria com Agnes Nunes, fruto de admiração mútua, reforça a força da união de diferentes vozes e estilos na música brasileira, trazendo sensibilidade e potência à reflexão sobre amor, perda e sobrevivência.