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As Ameixas

Michel F.M.

Letra

    Capítulo I - Claras e Gemas (Milas e Laris)

    Camila é clara,
    Larissa é gema,
    Larissa fala,
    Camila encena,

    Camila rala,
    Larissa Pena.
    Larissa é novela,
    Camila é cinema,

    Camila é novena,
    Larissa é rosário,
    Larissa é peixes,
    Camila aquário.

    Camila agita,
    Larissa sacode,
    Larissa grita,
    Camila acode,

    Camila é siga,
    Larissa é pare,
    Larissa é Mila,
    Camila é Lari.


    Capítulo II - Bianca

    Resistência movida à paixão,
    Paixão pelo que a faz contente,
    Contentamento que a satisfaz.

    Para ela aquele objeto oval,
    Que uns chamam de bola,
    Não é, nem será banal.

    A prática traz precisão,
    Deixa de ser esporte
    Exercício ou distração,
    Transmutando-se em
    Colírio.


    Capítulo III - Samila

    Silêncio, identificação,
    Sorriso, aproximação.

    Intermináveis emoções
    Podem residir dentro
    De um simples: Oi !

    Bastam três vogais
    E Três consoantes,
    Para seu nome.

    Comportadíssima
    Ao se incorporar a fila,
    Incorporei-me a ela.
    Samila !


    Capítulo IV - Jennifer

    Cinicamente certeira e sincera,
    Simpaticamente severa e sádica.

    O que aconselho ?
    Não afronte, concorde.

    Vem normalmente
    Com um abraço e um tapa,
    Ou um tapa, um abraço e um tapa.

    É ou não é uma belezura ?

    Quando parte
    Deixa seus partidos apertados
    E apartados pelo aperto da partida.

    Mas, doa a quem doer,
    Com sua palma,
    Ela delicadamente doa
    De bom grado mimos e hematomas.

    Nada que seu charme não cure.


    Capítulo V - Suellen

    Furiosa comigo (seu interlocutor),
    Estranho, como ela gosta.
    Gosta repelindo,
    Gosta afastando a causa de seu gosto.

    A conseqüência é o encaramento,
    Encara sem dó.
    Encarnando uma couraça
    Para se proteger,
    Do desgosto que possam injetar nela.

    Talvez esse afastamento,
    Seja a maior prova irrefutável,
    Vista, revista e certificada,
    De que a distância é segura;
    A margem ameniza.

    E distanciada de seu inspirador,
    Ela pode gostar.


    Capítulo VI - Danielle

    Seu hálito indicava 97%
    De álcool no sangue,
    Completamente embriagada,
    Mas alegre,
    Dançava gritando
    E celebrando sua liberdade.

    Tinha herdado dois terrenos
    De seu falecido pai,
    Morava na rua,
    Não quis herdar ausência.

    Desapreciava comida japonesa,
    Preferia pinga,
    Tinha largado a heroína,
    Dois anos limpa,
    As picadas ainda
    Se salientavam no braço.

    O que marcava expressivamente
    Seus passos e sua honestidade,
    Era o trago de cachaça
    E o traço de amizade.


    Capítulo VII - Rose

    Tempestuosamente
    Firme em sua calmaria,
    Tranqüilidade aquecida.

    Quem ousaria defender
    A amabilidade
    Como geração de energia ?
    Ela ousa !

    Defende e desfere
    Suas particularidades.
    Recita citações
    Reinventando o que cita
    E soa tão original.

    Originalidade permanente.
    Fizemos um trato,
    Ofereço a carona
    E ela sua companhia.


    Capítulo VIII - Quézia

    Maquiada.
    Por baixo de seu gloss,
    Blush, rímel e delineador,
    Está a mais plena graça.

    Permeada de múltiplas
    Inconsistências,
    Ela consegue consistir.

    Tem conteúdo,
    E o que contém nela
    Me agrada demais.

    Mas não se resume ao agrado,
    É o excesso que conta.
    O exagero em abundância,
    A redundância.

    Demasiadamente
    Ela me entusiasma demais.
    E sua demasia muito me anima.


    Capítulo IX - Sara (Ao surgir tinha ido)

    Rangeu o taco,
    Trepidou o piso.
    Fingi não ter ouvido,
    Mas ela era e estava.

    Atrás, nas minhas costas,
    Quietinha.
    Respiração semi-ofegante,
    Ela se continha.

    Aguardei-a,
    Ela tinha seu próprio andamento.
    É maravilhoso repassar,
    A sensação de ter fingido.

    Guardei-a comigo.

    Naquele abreviado baque,
    Assustou-me.
    Deixei-me assustar
    E ao surgir tinha ido.


    Capítulo X - Ariele

    Finalizada pelo aperfeiçoamento,
    Preenchida com o necessário,
    Superioridade declarada.

    Níveis de porcentagem
    Alcançando o máximo por cento.

    Pós-perfeição,
    Vitamina energética,
    Sendo energizada.

    Ela está terminada, completa.
    Arrematada, aprontada,
    concluída, findada.

    Decorada com um brilho inegável,
    Esculpida em perfeita pele,
    Seis letras delimitam a ilimitável,
    A R I E L E.


    Capítulo XI - Iara

    Queria muito
    Ter partilhado
    De seus sonhos.

    Sonhos muitas vezes
    São fortificantes,
    Agitam nossas almas.
    Por isso faço questão
    De sonhar acordado.

    Me desligar de uma realidade
    Que não me satisfaz,
    Mergulhando em desprendimentos
    Que me trazem satisfação.

    Às vezes me chamam de delirante,
    Para alguns isso
    Pode parecer insignificante,
    Para mim isso parece essencial,
    Definitivo e acertado.

    Ainda não tive o prazer
    De sonhar contigo dormindo,
    Mas confesso,
    Já sonhei contigo acordado.


    Capítulo XII - Giovana

    Criativa, compositora,
    Elabora suas próprias canções.

    Dialetos variados
    Lhe servem de referência,
    Não compreendo
    Mas sou compreendido.

    Caricatura de cerâmica
    Sapatinhos ortopédicos
    Perninhas delgadas
    Vestimentas minúsculas.

    Sua capacidade se destaca,
    Sua meiguice se aflora,
    Melodicamente equipada,
    Pode equiparar-se
    Às melhores entre as maiores.

    Aprendeu francês vendo filmes,
    Não compreende com clareza,
    Mas sem intercâmbios,
    Sua pronúncia é francesa.


    Capítulo XIII - Andressa

    Brincalhona em brincadeiras
    Descoladas mesmo.
    Brinca sem se preocupar
    Com a modalidade
    Ou técnica utilizada.

    De nenhuma maneira histérica,
    Não detém a histeria
    Como característica.

    Sobre tudo agradável,
    Carinhosa, cuidadosa, precavida.
    Não alimenta afinidade com cálculos,
    Proporções ou raciocínio-lógico.

    Alimenta uma facilidade indiscutível
    Para convivência,
    Motiva com um efêmero toque
    Que a tudo envolve.

    Duvido que os prodígios
    Da ciência matemática,
    Resolveriam seus problemas,
    Melhor do que ela os resolve.

    Pois ela resolve !


    Capítulo XIV - Corina

    Bravura denominada,
    Homônima a Corina.
    Sobreviveu a dois duelos mundiais,
    Sobreviveu às perseguições
    Políticas, religiosas e culturais.
    Sobreviveu à escassez,
    Aos racionamentos.
    Sobreviveu a quatro maridos,
    Nove filhos e dezesseis netos.
    Viveu na Europa, África,
    Ásia, Oceania, América
    E no Continente Polar.
    Sobreviveu à bestialidade militar,
    Sobreviveu à bestialidade estatal,
    Sobreviveu à bestialidade popular.
    À macheza dos machistas,
    À opressão e à ameaça nuclear.
    Sobreviveu ao mercado de laboro,
    À jornada quíntupla,
    Aos assédios morais
    E à forçosa vulgaridade sexual.
    Intitulada Dona dele,
    Sobreviveu ao lar.
    Às milhares de tarefas
    Não-remuneradas
    E à máquina de lavar.
    Um Salve !
    À Brava Corina.


    Capítulo XV - Ameixas

    As ameixas, na prateleira, reluzem.
    Os olhares atentos fitam seu porte ?

    Fazem o possível para amadurar,
    Sua polpa, intacta, não foi extraída.

    Ameixas que iludem arbustos e seduzem,
    Ameixas que alimentam o pecado puro.

    Maneira interiorana entre sete capitais.
    Esperando, "distraídas", a sobremesa.

    Por um segundo, ambas foram imortais.
    Por um segundo, ambos fomos imortais.

    *


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