Ojos Sin Ver (part. ElGrandeToto)

Dilemas e realidades em "Ojos Sin Ver (part. ElGrandeToto)"

"Ojos Sin Ver (part. ElGrandeToto)", de Morad com participação de ElGrandeToto, aborda o impacto de ignorar certas realidades como forma de proteção emocional, mas também como fonte de alienação. O refrão “Ojos que no ven, corazón que no siente” (“Olhos que não veem, coração que não sente”) resume esse dilema: ao evitar enxergar problemas, a pessoa se protege do sofrimento, mas também se distancia do autoconhecimento e da compreensão do mundo ao redor. Essa dualidade é central na música, mostrando que a negação pode ser confortável, mas traz consequências como a desconexão dos próprios sentimentos e da realidade.

Morad traz elementos autobiográficos ao relatar dificuldades desde a infância, como em “No tuve cómo empezar, ni cómo crecer” (“Não tive como começar, nem como crescer”), e destaca o peso das responsabilidades familiares: “tengo las ala', pero a mamá siempre cuidar” (“tenho asas, mas sempre cuido da mamãe”). Ele também fala sobre a influência do ambiente, a luta contra a inveja e o orgulho das conquistas alcançadas com esforço, valorizando suas origens humildes: “Enamorado de lo que vivo, agradecido de nacer pobre” (“Apaixonado pelo que vivo, agradecido por nascer pobre”). ElGrandeToto, ao misturar espanhol, francês e árabe, amplia o retrato de uma juventude exposta a tentações, festas e desafios sociais. A repetição de “los ojos no dejan ver” (“os olhos não deixam ver”) reforça que, mesmo com mudanças e conquistas, ainda existem barreiras internas e externas que dificultam enxergar a verdade, seja por escolha própria ou influência do meio.