París (part. Duki)

Ruptura e autoconfronto em "París (part. Duki)" de Morat

"París (part. Duki)", de Morat com participação de Duki, aborda o fim de um relacionamento de forma direta e sem rodeios, invertendo a lógica comum de assumir a culpa pelo término. O refrão, repetindo "No te mientas, el problema eres tú" (Não se engane, o problema é você), deixa claro o desabafo do eu lírico, que aponta a responsabilidade do outro pelo desgaste da relação. Esse tom de confronto aparece também em versos como "Me pides que me vaya, pero ahora que me alejo de ti, comienza la batalla" (Você me pede para ir embora, mas agora que me afasto de você, começa a batalha), evidenciando a contradição do parceiro que pede distância, mas não aceita o afastamento de fato.

A banda já declarou que a música fala sobre o momento em que se percebe que a relação faz mal e é preciso priorizar o próprio bem-estar, o que se reflete em frases como "No es por mí, es por ti" (Não é por mim, é por você). A escolha de Paris como cenário, tradicionalmente associada ao romance, ganha um tom irônico: em vez de um lugar de amor, a cidade representa um relacionamento esgotado. Duki reforça essa ideia ao cantar "Hubiéramo' iluminado París como Messi" (Tínhamos potencial para brilhar em Paris como Messi), sugerindo que o casal poderia ter vivido algo grandioso, mas desperdiçou essa chance. Metáforas como "me pides flores y las quemas" (você pede flores e as queima) mostram como gestos de carinho são rejeitados, aumentando a frustração do narrador.

A colaboração entre Morat e Duki traz uma mistura de pop, rap e elementos latinos, criando uma atmosfera moderna de desabafo. No fim, "París (part. Duki)" retrata a decisão de se afastar de uma relação tóxica, reconhecendo que, apesar dos esforços, a responsabilidade pelo fracasso é do outro, que se recusa a enxergar seus próprios erros.