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Vida Severina

MR-13

Letra

    Depois de dias viajando encostado num pau-de-arara
    Amigos de longa data viram cruzes pela estrada
    Em busca de seu sonho, cidade grande
    As adversidades são constante
    Nordestino avanta, vislumbrando a selva do abc
    Miséria novamente ele vai ver, favelas vão crescer
    Na fábrica ele não vê o sol nascer
    Rabo de galo pra friaca rebater

    O ar que ele respira é venenoso
    A prensa desce, baiano tá arriscando seu pescoço
    O frio de são bernardo é cabuloso
    Seu corpo treme, coração geme, família depende
    Conhaque na mente fica furioso
    Escuta a risada do chefe cuzão, se lembra do velho sertão
    E chora trancafiado no vestiário, percebe que pobre honesto aqui é otário
    Sujeito homem, sem sobrenome, mais um que foge da fome

    Vida severina, zica nordestina
    Bate as asas carcará, não consegue voar
    Vida severina, zica nordestina
    Bate as asas carcará, tá pensando em voltar
    Dedos calejados provam do que é feito o passado
    Botas de camurça fazem trilhas no asfalto
    Projetou seus sonhos como nuvens lá no alto

    Quem que não quer, ter uma casa, carro, família saudável?
    Sampa é capital da chuva e do polo industrial
    Desce no terminal, chega atrasado no trabalho
    O chefe faz seu papel de maquiavel e dá um esculacho
    Vida do diacho, capacho do sindicato
    Peão se organizou e a greve começou, polícia chegou, chicote estralou
    Troca de tapas, borrachadas

    O vaso não rachou e nem trincou, mas a flor tá quebrada
    Em meio a madrugada vejo um homem e suas lágrimas
    Quem é que fez meu mundo cão descer do meu nordeste pro inferno de sião?
    Encontra o sudeste, cabra-da-peste que faz arte
    Usado como alicate na linha de produção

    Começa logo cedo saindo da quebrada
    Na mochila um uniforme e uma quentinha embrulhada
    Busão, trem, metrô, varias condução
    Atravessando a cidade só pra garantir o pão não é fácil não...
    Ele tem que correr atrás, mata dois leões por dia porque um já não dá mais
    Patrão não se satisfaz, o trata com antipatia
    Mas não conhece o gosto de comer marmita fria
    O corte na peça, firmeza no traço, pegando bloco
    E cimento só com a força do braço
    Oreiada do chefe, suportando o cansaço

    Não é só o bico da bota que tem que ser de aço
    Cidade é o tabuleiro, vive o jogo de xadrez
    Linha de frente, peão
    Sistema aqui é rei
    Porcos capitalistas, maldade que prolifera
    Tão comendo dinheiro fodendo com a atmosfera
    Não assimila o motivo de tanto sofrimento
    Sem água tratada a panela cozinha o vento

    De joelhos faz a prece mas não descansa a mente
    Seu castelo de madeira pode ir com a enchente...
    Rugas de expressão são marcas da pele sofrida
    Sonhos são poeiras levantadas em cada varrida
    Corpo mente e alma se encontram abatidos
    Pisar em cacto era bem menos dolorido...


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