Visual É Tudo

Crítica à superficialidade em "Visual É Tudo" do Mukeka di Rato

Em "Visual É Tudo", o Mukeka di Rato faz uma crítica direta à superficialidade presente na apropriação de símbolos revolucionários, como a imagem de Che Guevara. A música mostra como esses ícones, originalmente carregados de significado, acabam sendo usados apenas como elementos de moda, sem qualquer ligação real com os ideais que representam. Isso fica claro no verso: “Estampando camisas do che guevara / Seja o hippie da esquina ou a botique de vanguarda”, que aponta como tanto grupos alternativos quanto ambientes elitizados se apropriam desses símbolos apenas para compor um visual, esvaziando seu sentido original.

O refrão “Visual é tudo, atitude não é nada” reforça a crítica à valorização da aparência em detrimento de ações concretas. A letra também ironiza o engajamento passageiro da juventude, como em “Palavras fortes e dedo na cara / Firme aos 15 anos / Nos 18 já acaba”, sugerindo que a postura contestadora muitas vezes é abandonada com o tempo. O trecho “Seguindo cego a mesma cartilha / Fazem parte do clero mas não gostam de ir a missa” utiliza uma metáfora religiosa para criticar quem adota discursos ou posturas de grupo sem convicção, apenas por conveniência. O tom sarcástico da banda evidencia que a crítica vai além da juventude, atingindo qualquer comportamento que priorize o visual em vez de atitudes autênticas. Assim, a música questiona a autenticidade das "modas rebeldes" e denuncia como símbolos de resistência podem ser facilmente esvaziados em uma sociedade guiada pela aparência.