A Voz da Fé

Andei há tempo passado
Tristonho e desanimado
Pelo meu crué destino
Sem uma voz que me consolasse
Um cristão que me ensinasse
O grandioso poder do Divino

E assim vivi muitos anos
Encontrando só desenganos
Nas treva igual um cego sem luz
Mas quando o cabelo branqueou
Uma voz num sonho falou
Procure o Divino Jesus

Não sabendo de quem se tratava
Pedi pra voz que eu escuitava
E a voz meiga assim me falou
Jesus, o amado filho de Deus
É a image que até os ateus
Procuram na hora da dor

Campeei por esse mundão
Tudo que é religião
Ensina amá o Criador
E não sentindo alívio esperado
Voltei ao rancho magoado
Ainda mais carregado de dor

Perguntei em tudo lugar
E a resposta sempre era iguár
Jesus foi ao céu, tá no além
E deixou pra humanidade
Neste mundo cheio de maldade
Uma vaga esperança do reino

Quando vi tudo perdido
No meu rancho, doente, ferido
Sozinho nas trevas sem luz
Elevei o meu pensamento
E falei no maior sofrimento
Me salve mestre Jesus

Oh! Deus, Pai da bondade
Quanta felicidade
Naquele instante senti
Aquela mesma voz meiga voltou
E bondosamente falou
Me chamaste, estou aqui

Fizestes tantas viagens
Procuraste em todas as paragens
Cura para tua grande dor
Mas não podias ter encontrado
Em teu coração magoado
Faltava fé no Criador

Não procure na nuvem que passa
Ou na Lua que tá em toda a graça
Nas alturas do céu, na amplidão
Nem na estrela brilhante
Jesus não está tão distante
Está em quarqué coração

Desde aí eu senti ventura
Não sou mais a criatura
Que campeava Jesus e não achava
Hoje espero a morte com calma
Com imensa alegria em minha alma
Que sempre vivia a penar”

Com doença e desenganos
Caminhei por longos anos
Carregando a minha cruz
Quando a esperança acabou
Num sonho uma voz falou
Procura o mestre Jesus

Procurei por todo o lado
Em todos os templos sagrado
Para ver Nosso Senhor
E não tendo encontrado
Vortei ao rancho magoado
Ainda mais cheio de dor

Perguntei ao pé da cruz
Onde está Mestre Jesus
Que não ouve os rogos meus
Nesse momento bendito
Uma voz no infinito
Falou em nome de Deus

Declamado-
“Fizestes tantas viagens
Por todas estas paragens
Pra curar a tua dor
Não podias ficar curado
Em seu coração magoado
Faltava fé no Redentor

Não procure nas nuvens que passa
Ou na Lua que tem toda a graça
Nas alturas do céu, na amplidão
Nem na estrela brilhante
Jesus não está tão distante
Está em quarqué coração”

Caí de joelhos no chão
Sentindo em meu coração
Brotar a semente da fé
Desde aquele santo dia
Reina a paz e alegria
Em meu rancho de sapé