iPod Touch

Memórias e autodescoberta digital em “iPod Touch”

“iPod Touch”, de Ninajirachi, explora como a tecnologia e a internet foram fundamentais na formação de sua identidade musical durante a adolescência. A artista utiliza referências específicas, como “iPod Touch, yellow Pikachu case” e “FL Studio free download in my search history” (iPod Touch, capa amarela do Pikachu / download gratuito do FL Studio no meu histórico de buscas), para ilustrar objetos e experiências marcantes de sua juventude. Esses elementos não apenas remetem a lembranças pessoais, mas também simbolizam o processo de descoberta solitária e secreta, já que Ninajirachi revelou que a música eletrônica era um universo particular para ela, pouco compartilhado com amigos. Isso se reflete nos versos “I've got a song that nobody knows / I put it on when nobody's home” e “I'm keepin' it a secret” (Eu tenho uma música que ninguém conhece / Eu coloco quando não tem ninguém em casa / Eu estou mantendo isso em segredo), mostrando a música como um refúgio íntimo e espaço de autoexpressão.

A canção também traz uma forte nostalgia ao relembrar situações cotidianas, como o trajeto de ônibus escolar: “I didn't know it would score the 64-bus home / Turn a Monday to a memory and change my world” (Eu não sabia que seria a trilha do ônibus 64 para casa / Transformar uma segunda-feira em memória e mudar meu mundo). O trecho “FL Studio so late, I fell asleep on the keys / With it looping through the speakers, bleedin' into my dreams” (FL Studio tão tarde, adormeci nas teclas / Com a música repetindo nos alto-falantes, invadindo meus sonhos) revela como a paixão pela música atravessava até o sono, marcando profundamente essa fase de experimentação. Ao citar momentos como “first day, hallway, starting year eight” e “beach day, heatwave, stoned and afraid” (primeiro dia, corredor, começando o oitavo ano / dia de praia, onda de calor, chapada e com medo), Ninajirachi conecta a trilha sonora de sua adolescência a sentimentos de insegurança, excitação e crescimento. Assim, “iPod Touch” se torna um retrato sensível da juventude mediada pela tecnologia e um convite para o ouvinte revisitar suas próprias memórias de descoberta.