exibições de letras 29.887

Meu Rancho

Noel Guarany

LetraSignificado

    É a sina dos tapejaras
    Dessas de beber mensagens
    Que o vento trás nas aragens
    Do fundo das noites claras
    Bordoneando nas taquaras
    E pelas frinchas da porta
    Porque reanima e conforta
    O velho sangue guerreiro
    E se eu nasci missioneiro
    Pros demais pouco me importa.

    Nasci no meio do campo
    Na costa do banhadal
    Dentro dum rancho barreado
    De chão duro e desigual
    Meu berço foi um pelego
    Sobre um couro de bagual.

    Bebi leite na mangueira
    Numa guampa remanchada
    E à cavalo num tição
    Me aquentei de madrugada
    Enquanto o vento assobiava
    Nos campos brancos de geada.

    Brinquei com gado de osso
    Na sombra do velho umbu
    E "ansim" volteando um amargo
    E o churrasco meio cru,
    Fui crescendo e me orgulhando
    De ter nascido um xirú.

    Depois de andar gauderiando
    Por muita querência estranha
    Hoje vivo no meu rancho
    Na humildade da campanha
    Junto à chinoca querida
    E o cusco que me acompanha.

    Na estaca em frente do rancho
    Dorme o pingo meu amigo
    Companheiro que eu adoro
    Prenda guasca que bendigo
    Pois alegrias e penas
    Sempre reparte comigo.

    É meu vizinho de porta
    Um casal de quero - quero
    Por isso, embora índio pobre
    Bem rico me considero
    Tendo china, pingo e cusco
    Do mundo nada mais quero.

    E quando de noite a lua
    Vem destapando meu rancho
    Agarro na gaita velha
    Que guardo erguida num gancho
    E dando rédeas ao peito
    Num vaneirão me desmancho.

    E o meu verso é como o vento
    Que vai dobrando a flexilha
    E floreia compadresco
    O hino desta coxilha
    Entre os buracos de bala
    Do pavilhão farroupilha.

    É mesmo que o bombeador
    Dos piquetes da vanguarda
    Que vem abrindo caminho
    Prás tropas da retaguarda
    E enquanto a cordeona chora
    Meu cusco fica de guarda.

    E ali pela solidão
    Onde o meu canto escramuça
    Parece que a noite velha
    Cheia de mágoas soluça
    E a própria lua pampeana
    No santa fé se debruça.

    Mas prá deixar o sossego
    Do meu rancho macanudo
    Basta só a voz de um clarim
    Com china e cusco me mudo
    Na defesa do rio grande
    Que adoro acima de tudo.

    Na defesa do rio grande
    Que adoro acima de tudo.

    Composição: Jayme Caetano Braum / Noel Guarany. Essa informação está errada? Nos avise.

    Comentários

    Envie dúvidas, explicações e curiosidades sobre a letra

    0 / 500

    Faça parte  dessa comunidade 

    Tire dúvidas sobre idiomas, interaja com outros fãs de Noel Guarany e vá além da letra da música.

    Conheça o Letras Academy

    Enviar para a central de dúvidas?

    Dúvidas enviadas podem receber respostas de professores e alunos da plataforma.

    Fixe este conteúdo com a aula:

    0 / 500

    Opções de seleção