Anjos Caídos

A dualidade entre pureza e decadência em “Anjos Caídos”

A música “Anjos Caídos”, da banda Noturna Régia, utiliza a imagem dos anjos expulsos do paraíso e com “asas ceifadas” para abordar a perda da inocência e o impacto da dor após a queda. Inserida na cena gótica e darkwave do Nordeste brasileiro, a banda reforça o clima sombrio e introspectivo da canção, que trata o exílio não só como afastamento físico, mas também como um estado emocional de alienação e sofrimento diante das tentações do mundo.

A repetição da expressão “perdidos na madrugada” transmite a sensação de desorientação e busca por sentido em meio à escuridão, um tema recorrente nas narrativas góticas. Elementos como “toque da donzela”, “som do violino”, “aroma das dálias” e “sabor do absinto” simbolizam prazeres terrenos e tentações sensoriais, conectando-se ao contexto de um “mundo corrompido”. Esses símbolos evocam tanto sedução quanto decadência, mostrando que os anjos caídos se entregam a experiências intensas, porém passageiras, que acabam por envenenar e destruir, como nos versos “condicionados a degustar o fruto proibido / seus corpos envenenados todos destruídos”. A letra constrói, assim, uma narrativa sobre seres que, ao perderem a pureza, ficam presos a um ciclo de prazer e sofrimento, sem entender completamente a razão de sua dor, como em “não sabem por que lamentam os mortos e os vivos”. A música reflete, portanto, sobre a condição humana diante da tentação, da perda e da busca por sentido em um mundo marcado pela corrupção e pelo exílio existencial.