Vale do Reginaldo

Realidade e resistência em “Vale do Reginaldo” do NSC

“Vale do Reginaldo”, do NSC, retrata de forma direta a vida na favela Reginaldo, em Maceió, equilibrando denúncia social com orgulho e afeto pelo território. O refrão “Só vindo aqui pra ver” funciona como um convite desafiador, mostrando que apenas quem vive a realidade local entende sua complexidade, força e energia, indo além dos estigmas e preconceitos externos.

A letra expõe o abandono e a repressão enfrentados pelos moradores, como em “a polícia embaçar” e nas referências à falta de serviços básicos: “não tem posto de saúde, não tem quadra esportiva”. Situações cotidianas de dificuldade, como “esgoto a céu aberto, barraco de madeirite” e a luta de uma mãe sozinha, são descritas sem romantização. Ao mesmo tempo, a música destaca a solidariedade e a resistência da comunidade: “O tempo nos ensinou que nos junto, nos é forte”. O orgulho de pertencer ao Reginaldo aparece mesmo diante das adversidades, reforçando que a identidade da favela é construída pela luta, união e celebração, como nos versos sobre festas e datas comemorativas.

A crítica social é incisiva, especialmente ao abordar a violência policial e a hipocrisia da mídia local: “No plantão siqueira junior, nois te odeia, vei viado, a morte do favelado, ele sorrir, diz que fudeu”. A música denuncia como a desumanização dos moradores é naturalizada por quem está de fora. No final, propõe a união como resposta ao confronto, mostrando que a força do Reginaldo está na coletividade e na resistência diária.