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Afrobrasileiro

Oficina do Diabo

Letra

    É o caralho esse papo de afro-brasileiro
    Pela cor da pele, sujeito ao preconceito
    Dissimulado que ataca, toda a minha gente
    Muito orgulho tenho dos meus ascendentes

    Você não vai me enganar, sei da minha origem
    Corta o afro da palavra, que o erro se corrige
    Proposital e aos poucos, fazendo acreditar
    Que essa terra que o firma não é o seu lar

    O invasor então tratado como descobridor
    O nativo é o selvagem a quem se exterminou
    Vendido o escravo, chances, nunca pode falar
    Sua história sem registro, ninguém quis a contar

    O conceito, um engano, produto colonial
    Banalidades impostas por classe social
    A língua é o chicote do corpo a certeza
    Sua palavra irá se tornar sua fraqueza

    Usou e abusou, pisou e foi pra valer
    Mas a vingança hoje em dia é dada com prazer
    Pra você será servido um prato gelado
    Num dia de inverno, o seu futuro é trágico

    Vejo quebrar o Palio que vem lá da esquina
    Velocidade já me indica bem qual é a fita
    Em posse vai descendo, neguinho encosta aí
    Cartilha aberta no capítulo perfil tupiniquim

    Seus termos forjados amplamente divulgados
    No colonialismo ainda são usados
    Lá também seus preconceitos foram criados
    Cabelo, nariz, a pele inferiorizados

    Minha face te incomoda a ponto de que
    Necessário foi um padrão de beleza ter
    Os finos traços do seu rosto, a sua pele branca
    Regra na sociedade, peso na balança

    Miscigenação ocultada pela história
    Clamam sumidade em toda sua glória
    Quem tem raça é cachorro se não sabe você
    Raça pura, perfeita, tá falando de que

    Pensadores em serviço, ocultar a verdade
    Famigerado, sofista, pura vaidade
    Seu livro didático tentou e não conseguiu
    Sua televisão também não me induziu

    A ter vergonha do que eu nasci para ser
    Sua revista de moda não vai me convencer
    A zoar meu corpo todo, seguir sua opinião
    Destruir os seus conceitos, é a minha intenção

    Negro, índio, selvagem, pagão
    Tenta me enganar com seu bom senso cristão
    Subdesenvolvido, ignorante, terceiro mundo
    Sua política não garante meu futuro

    E ainda ousado quer definir o que sou
    O que devo ter e pra onde eu vou
    Filho dessa mãe pátria, não um bastardo
    A parada é o seguinte, afro-brasileiro é o caralho

    Escravizados, não escravos
    Em África, retirado do seio
    Direto ao seu leito de morte
    Não iremos nos esquecer
    Jamais iremos nos esquecer
    Brasileiros
    Afrobrasileiro é o caralho
    Afrobrasileiro é o caralho


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