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Amado Morto

Ordem Própria

Letra

    Seu lado racional fodeu o emocional
    Me sinto mal de janeiro ao Natal
    Cercado por amores que não são amores
    Rejeito de presente as suas flores
    A buceta errada, a fé mal direcionada
    Um segundo pra decidir entre a cruz e a espada
    Rejeição estampada, filha cruel ingrata
    Contando inconsequências, somando mancadas
    Morreu a consciência, um regaço atrás do outro
    Não tem como enlouquecer um louco
    Usuário da dor, retaliação incessante
    Prejudicial como pra criança o funk
    Pobre de direito, racista da pele negra
    Coca cola, nicotina, fanatismo, igreja
    O dono da desgraça ri da minha
    Pra ser do bem coadjuvante, eu protagonista
    Dinheiro é droga, biqueira, patrão cala
    Pai com filho morto cura cretina depressão
    Silencia falador devolve retoma braço
    Desmistifica a solidão do palhaço
    Até o ex presidiário ativista voluntário
    Não tem evolucionário pro financeiro do estado
    Os nossos no poder não são mais nossos
    Arquivam planos, alimentam o ódio
    Eu sei tô ligado pior reconhecimento
    Ver mais de cem curtida em post de falecimento
    Que um bom dia é ignorado por vários então
    Que sexo, arma, acidente e game ganha mais atenção
    Você não reparou porque o whats tocou
    A falta de atenção pra quem sempre te amou
    Mais celular na mão é menos aplausos
    O interno acidentado expõe o externo traumático

    O mundo anda mal, e eu não tô legal
    A colheita é da dor, o ódio foi letal
    Meu lado sentimental no quadro do paisagismo
    Amor é ódio aqui não é fictício
    O mundo anda mal, e eu não tô legal
    A colheita é da dor, o ódio foi letal
    Meu lado sentimental no quadro do paisagismo
    Amor é ódio aqui não é fictício

    A sobrevida da despedida, o último suspiro
    A dificuldade pra entender o que foi carinho
    O tempo delata que sangue não significa família
    O que adianta ser escola se nada sensibiliza
    Carrego uma dor por vez na balança
    O final da confiança, a esperança que sangra
    Ignorância, arrogância, inconveniente entende?
    Prepotência, estupidez dão a cara aqui sempre!
    Só absoluto vivendo no próprio luto, mudo
    No escuro, ausente, longe do culto
    Não vou falar merda no meu discurso
    Mesmo sabendo que no Brasil tem público
    Já me curei mais de dez vez pra você entender
    Da depressão sem saber, sem querer
    Pragmático, marginalizado, favelado
    Prático, necessário pro plano do atentado
    Musicista pra louco, transe do raciocínio
    No país que da troféu pra mulher que nasce com pinto
    Indigesto, célebre, escritor demônio
    O locutor narra triste a morte do seu sonho
    Não vai filmar meu fim pra crescer a audiência
    O amor que falo é o mesmo na língua estrangeira
    Vim da terra sem nexos e êxito
    Que por esquema lá na frente ganha prêmio
    Triste não é ver o vazio de cada pessoa
    Infelizmente é ser pra frente demais nessa porra
    Que as flores de plásticos colorem meu caixão
    Revolução é racista no nono pavilhão
    Se tiver impressão que me incomoda, foda
    Pra mim é ver cara sorrir na cadeira de roda
    Feliz num centro de oncologia
    Comemorando mais um dia sei lá ou dois de vida

    O mundo anda mal, e eu não tô legal
    A colheita é da dor, o ódio foi letal
    Meu lado sentimental no quadro do paisagismo
    Amor é ódio aqui não é fictício
    O mundo anda mal, e eu não tô legal
    A colheita é da dor, o ódio foi letal
    Meu lado sentimental no quadro do paisagismo
    Amor é ódio aqui não é fictício


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