Roubaram meu Frischtick

Consequências do vacilo em “Roubaram meu Frischtick”

O “frischtick” é um trocadilho com o alemão “Frühstück” (café da manhã) e vira símbolo do cuidado e da responsabilidade do rapaz no encontro. Quando a cesta some, não se perde só o lanche: desanda o piquenique e a imagem dele diante da namorada. A narrativa tem tom de crônica bem-humorada: ele capricha no pão de milho com manteiga e “ximia”, corta salame e queijo, monta “dois sanduiche” para ele e a “guria”, pega a lambreta, mas erra a prioridade ao parar para “uma cervejinha”. Na volta, o “frischtick” foi roubado; o refrão martela o azar e, a partir daí, nada engrena.

Sem dinheiro para outra merenda (só para a gasolina), ele busca a namorada nervoso e ouve a bronca: “boca aberta” e “Não vou mais no picnic; qual é o meu futuro com um homem sem frischtick?”. Literalmente, ela quer o piquenique; simbolicamente, cobra que ele cumpra o combinado. O lanche vira metáfora de cuidado, planejamento e confiabilidade no namoro. As expressões regionais — “ximia”, “guria” — e o “frischtick” germanizado reforçam a mistura cultural do Sul, marca dos Os 3 Xirus, grupo que desde 1964 cruza música nativista gaúcha com ritmos germânicos como polca e valsa. Fica a graça do cotidiano: um imprevisto ampliado por um vacilo e a lembrança de que, no amor, atenção e responsabilidade valem tanto quanto o que vai na cesta.