Chora Morena e Cana Verde

Dor e esperança em "Chora Morena e Cana Verde"

Em "Chora Morena e Cana Verde", Oswaldir e Carlos Magrão exploram a dor da despedida e a frustração de um amor interrompido. O verso repetido “Chora morena, morena chora” destaca que o sofrimento não é exclusivo de quem parte, mas também de quem fica, criando uma identificação mútua entre os personagens da canção. O título traz um duplo sentido: "cana verde" pode simbolizar um amor jovem ou inexperiente, que não teve tempo de amadurecer, reforçando a ideia de uma relação que termina antes de se consolidar.

A letra é direta ao mostrar o sofrimento amoroso, como nos versos “Abra a porta e a janela / Venha ver quem é que eu sou / Sou aquele desprezado / Que você me desprezou”, que expressam rejeição e mágoa. O personagem decide partir e promete não amar mais, evidenciando a profundidade da dor. O refrão, repetido em cada estrofe, funciona como um lamento coletivo, incluindo até os instrumentos: “Chora viola e sanfona / Chora triste o violão / Se o que é madeira chora / Que dirá meu coração”. Essa personificação reforça o clima de melancolia e mostra como a música gaúcha valoriza a expressão sincera dos sentimentos.

No final, a canção traz um toque de consolo e sabedoria popular: “Quem canta, seu mal espanta / Chorando será pior / O amor que vai e volta / A volta, sempre é melhor”. A música sugere que cantar pode aliviar a dor e que, apesar do sofrimento, há esperança de reconciliação. Assim, a canção equilibra tristeza, resignação e esperança, mantendo-se fiel à tradição gaúcha de transformar a dor em arte.