Ilusões do Presente e Um Futuro Comum

Camiseta preta
Porsche Panamera
De frente com a vala
Corpos na calçada

Porto
Grana
Na minha
Mala

Na
Cabana
Na
Itália

Eu tenho mais do que cê tem
Eu não falo de grana, o importante é cê tá bem
Tá vivendo no luxo, mas hoje sofre também
Olha só pra sua volta eu te pergunto o que cê tem

Banhado pelo gelo
Condenado a viver só
Cês almejam tanto branco
Que subiu o preço do pó

É Infalível
O plano do sistema é previsível
Inconfundível
Pobres constituindo o sub-nível

Super visível
Filho do patrão tem conversível
Enquanto você só sobrevive, o que é incrível

Nem todo mundo da Tiffany pra sua bih
Nem todo mundo quer gastar no seu ice
Minha vida é mais real, eu não preciso me iludir
Quero viajar, eu vou sumir daqui

Depende de quem
Fala pra mim o que que tem
Nesse país quem manda são as notas de 100

Valor é o que tem
Mas pobres tão vivendo sem
Pra onde eu olho, mano é incrível todos são reféns

Mas eu só arte pra poder me libertar
400 anos preso, preciso voar
Eles podem até correr, nunca vão nos pegar
Não não
Nunca vão nos pegar

Na mesma calçada dessa rua sujismunda
Um ser humano pede ajuda e outros tão comprando fruta
A cada 200 reais em compra mais um mendigo
Ignorado que não vai viver pra luta
Eu vejo corpos se arrastando em meio rua em pleno dia
E de fato meu mano isso me machuca
De mãos atadas eu só presencio a dor
E decadência de um mundo que só vive da disputa

O choro alheio que rega essa madrugada
É sufocante e troca o gosto pelo sangue da facada
Volta e meia tão fazendo essa jogada, vicia pobre
E mata pobre com a pedra na lata
Financiada por essa corja engravatada
Distribuída por peões nunca terão nada
A ilusão de que o dinheiro é muito fácil
Esconde o sangue dessa guerra de rajada na porta de casa

É muito fácil
Perder sua cabeça
É muito fácil
Perder a vida inteira
Eles nos matam
E querem ter certeza
Que o controle é deles
Fantoches na mesa