Ninguém Tasca (O Gavião)

Ciúme e humor popular em "Ninguém Tasca (O Gavião)"

"Ninguém Tasca (O Gavião)", de Pedrinho Rodrigues, aborda o ciúme e a posse amorosa de forma bem-humorada e direta, usando expressões populares e metáforas típicas do samba. O verso “Essa Nêga é minha, ninguém tasca, eu vi primeiro” evidencia o tom competitivo e protetor do narrador, que faz questão de afirmar sua prioridade sobre a amada. A palavra “gavião” é usada para se referir aos pretendentes que rondam a mulher, reforçando a ideia de vigilância constante, como se o narrador estivesse sempre atento aos "caçadores" que tentam se aproximar dela. Essa metáfora, comum no samba, contribui para uma atmosfera descontraída, mas também revela o ciúme e a preocupação do narrador em manter seu relacionamento.

O contexto do sambalanço, gênero em que Pedrinho Rodrigues se destacou, aparece na linguagem coloquial e no ritmo leve da letra. O trecho “Vou dar bolacha em que mexer com a minha Nêga / Já dei colher demais, agora chega” mostra o lado brincalhão, mas também decidido do narrador, que não quer mais tolerar a aproximação de outros homens. A música também faz referência à mudança de status da mulher: “Quando ela estava naquela pindaíba que fazia gosto / Não havia nenhum matusquela querendo olhar pro seu rosto / Hoje ela anda bonita e vive no meu barracão”. O narrador destaca que esteve ao lado dela antes de ela se tornar atraente para os outros, reforçando a ideia de lealdade e justificando seu sentimento de posse. O tom descontraído e o uso de gírias transformam um tema delicado em uma crônica divertida sobre as relações amorosas e a cultura popular brasileira.