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O Matuto Que Pensou Ter Dado a Luz

Poeta J Sousa

Letra

    Dizem que certo matuto
    Nunca havia passado
    Por uma dor de barriga
    Nem também bucho inchado
    Mas um dia ele comeu
    Na casa de um primo seu
    Bastante milho assado
    E o excesso do milho fez
    Sim, pela primeira vez
    Seu bucho ficar inchado.

    Ele muito aperreado
    Sem saber o que era aquilo
    Foi na casa de um amigo
    Que se chamava murilo
    Chegando lá lhe falou:
    "Meu amigo eu estou
    Vendo a hora me acabar
    O meu bucho tá doendo
    Ficando fofo e crescendo
    E roncando sem parar!"

    Quando ele disse isso
    Ao amigo beradeiro
    O amigo lhe falou
    Por essa forma ligeiro:
    "Amigo, eu sei o que é
    Você vai ter um bebé
    E vá pra casa correndo
    Vá ligeiro sem demora
    Que eu não dou meia hora
    Esse bebé tá nascendo!"

    Nisso o matuto voltou
    Pra sua casa correndo
    Soltando arroto choco
    Bufando muito e gemendo
    Porque a dor aumentou
    Mas quando ele chegou
    Na metade da estrada
    A dor cresceu de verdade
    Que lhe deu até vontade
    De dá uma defecada

    Quando o matuto sentiu
    Vontade de defecar
    Para dentro de uma moita
    Correu sem se demorar
    Dentro da moita entrou
    Tão rápido que nem notou
    Que ali debaixo estava
    Um camalião deitado
    Dentro das folhas socado
    Que ninguém o avistava

    Quando o matuto desceu
    Suas calsas duma vez
    Na hora que defecou
    Grande peidaria fez
    Com isso o camalião
    Sentiu um susto do cão
    Quando a peidaria ouviu
    Deu um pinote danado
    E saiu desesperado
    Chega a poeira cobriu

    Quando o matuto notou
    Que um bicho ali correu
    Gritou bem alto dizendo:
    "Foi meu filho que nasceu
    E assim que de mim saiu
    Para bem longe sumiu
    Que eu não ví nem o seu jeito
    Ou meu Deus, que covardia
    Os filhos de hoje em dia
    Já nasce sem ter respeito!"

    Descalço de pés no chão
    O matuto inda correu
    Atrás do camalião
    Pensando ser filho seu
    E gritava de mata afora:
    "Meu filho não vai embora
    Assim que nasce tua sai
    Fugindo de mim, safado
    Vem pelo menos danado
    Tomar benção a teu pai!"

    Mas que moleque danado
    Assim que nasceu correu
    Numa carreira tão grande
    Nem se quer olhou pra eu
    Mas quanto mais ele corria
    Mas o bicho se sumia
    Por dentro dos matagais
    E o matuto já cansado
    Com os pés estrupiado
    Desistiu de ir atrás.

    Desistiu dizendo assim:
    "Meu filho eu não pego não
    Aquele moleque ruim
    Corre mais do que um cão
    Aí pra casa voltou
    Mas no caminho encontrou
    Uma grande onça pintada
    Que num pulo absoluto
    Matou o pobre matuto
    Com uma só bocanhada.

    Aquela fera estava
    Com uma fome da mulesta
    Sangrou o pobre matuto
    E arrastou para a floresta
    E sem mais demora ter
    Foi o seu corpo comer
    Lá dentro de uns bambus
    Depois foi no mato entrando
    E o matuto morreu pensando
    Que tinha dado a luz


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