Cabelos Brancos (part. Olavo Bilac e Daus)

O mundo diz que eu não vou aguentá-la
Eu vou andar com ela até andar com bengalas
Dizem que eu não presto, eles querem estressá-la
Não comento, porque quem sabe, nem fala
Fofoca não nos abala
Eu e a minha chavala na casa grande
Ninguém diz que a gente vem da senzala
Espreguiçadeira na varanda, puffs na sala
Um roupeiro não chega, nossas roupas na mala
Hey, eu tenho dois bilhetes pro paraíso
E juro que só vou se aceitares ir comigo
Põe o teu vestido quе combina com o meu fato
Eu tenho um anel dе noivado no bolso do meu casaco
Ya, casa comigo no jardim
Tô à espera que sejas louca ao ponto de dizer que sim
Miúda, promete não me deixar, e eu prometo não deixar de te irritar

Casa comigo no jardim, meu amor
Fica comigo até ao fim das nossas vidas
Casa comigo no jardim, fica comigo até ao fim
Aqui no nosso canto, à espera dos cabelos brancos

Daqui a 30 anos, eu vou contar como aconteceu
Vou contar as tuas rugas e gozar com os teus pneus
Ninguém te irrita como eu
Mas nos teus sonhos malucos, ninguém acredita como eu (acredita)
Criar o teu próprio negócio, pôr os nossos filhos como sócios
Eu com a bengala e o rasta grisalho, aposentado
Cuidar de ti vai ser o trabalho, o futuro por nós espera
O inverno não dói tanto depois de tantas primaveras
Os putos brincam na cozinha enquanto cozinhas
Sussuro no ouvido: Tantos anos e ainda és minha
Eu sei que a fama acaba, e as luzes se apagam
A música para, e as fotos acabam (eu sei)
E lá tás tu, sentada no canto à espera dos nossos cabelos brancos

Casa comigo no jardim, meu amor
Fica comigo até ao fim das nossas vidas
Casa comigo no jardim, fica comigo até ao fim
Aqui no nosso canto, à espera dos cabelos brancos

Lembro da tua boca, o perfume, o sorriso
A vida só se dá para quem se deu
Lembro da tua boca, o perfume, o sorriso
A vida só se dá para quem se deu

Imagino o cota Olavo a cantar no nosso casamento
Tu vestida de branco
Claro que o que eu vou vestir não importa assim tanto, né?