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Homens de Bem (part. Nando Reis)

Projota

Durante toda a minha vida
Eu nunca quis ser um homem de bem
Um homem respeitável, um cara responsável
Um tipo abominável que se sente agradável
Mesmo todo dia humilhando um garçom

Durante toda a minha vida
Eu lutei contra aquele instinto
Atitude machista de lutar contra o que eu sinto
Mentir sobre o que eu minto
Caí num labirinto onde eu pensei
Que eu era Eleven, eu era o Demogorgon

Só que não dá pra fugir de si mesmo
Quando eu tentei fugir de mim mesmo
Eu esbarrei em mim
Tropecei em mim
Porque não dá pra fugir de si mesmo
Quando tentei fugir de mim mesmo
Eu esbarrei em mim
Tropecei em mim

Então paguei 4 mil conto no meu celular
Fiz um Facebook pra aprender sobre política
Aluguei um apê com varanda com a vista pra
Toda a minha dúvida

Abri uma conta no banco pra me conectar
Minha gerente disse que a minha vida vai simplificar
Botei meu dinheiro na poupança pra multiplicar
Toda a minha dívida

É, e agora eu sou um cara legal
Daquele que assina o jornal
Mas não fala o que pensa
Não fala o que pensa, não

É, e agora eu sou um cara feliz
Daquele que tem tudo o que quis
Mas não faz o que diz
Não faz o que diz, não

Já existe o conhecimento pra curar os ferimentos
Que esse mundo torto e torpe
Deixou nos seus sentimentos
Mas como ninguém tem tempo, faz assim
Resolve com Diazepam

Sei que eu ostento um sorriso em fingimento
Pra esconder todo o lamento que eu carrego aqui por dentro
Mas no fundo eu nem lamento porque, enfim
O que vale é o que tá no Instagram

Só que não dá pra fugir de si mesmo
Quando eu tentei fugir de mim mesmo
Eu esbarrei em mim
Tropecei em mim
Porque não dá pra fugir de si mesmo
Quando eu tentei fugir de mim mesmo
Eu esbarrei em mim
Tropecei em mim

A gente é o câncer desse nosso planeta
A gente é o câncer desse nosso planeta
Alguém te alcance antes que você cometa
O crime de impedir a colisão do cometa
Eu percebi que eu com o mundo já não tava bom
Quando eu torci contra o Bruce Willis vendo Armagedom
E a política nesse país parece um sitcom
Porque todos eles são Friends

É, e agora eu sou um cara legal
Daquele que assina o jornal
Mas não fala o que pensa
Não fala o que pensa, não

É, e agora eu sou um cara feliz
Daquele que tem tudo o que quis

Mas o meu filho taca fogo num mendigo
Enquanto eu transo num bordel lá em Paris
Digo que sou contra o aborto
Mas pra cada preto morto eu digo que foi Deus que quis

Eu bato na minha mulher e bato em quem mais quiser
Depois eu compro algum juiz
Com a vida por um triz
Eu juro pelo pó no meu nariz
Que eu mato, mas não morro sem fingir que eu sou feliz

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Composição: Big Rabello / Conrado Goys / Gibson Freitas / Hebert Medeiros / Projota. Essa informação está errada? Nos avise.
Enviada por Karoll. Revisões por 2 pessoas . Viu algum erro? Envie uma revisão.

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