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Xadrez Verde e Amarelo

Quadrilha Intelectual

Letra

    Desigualdade causticante, fere o peito preto desse pobre errante
    Mesmo pequeno tem que ser gigante
    É no gueto onde se vive cotidiano agonizante
    Desconforto plural, entrar na fila como igual
    A gente sabe a descrença, mal querença
    Indiferença, ser o trajado cultura reincidência

    Contra a elite racista, formação de quadrilha
    Lutar pela perifa é mais que vestir camisa
    É revanche, contra a pena de morte pra gestante
    Útero de mulher negra não fabrica traficante

    Desativam o C.A.J.E, limparam o quintal de casa
    Pra torturar moleque em unidade descentralizada
    Quem tá na cracolândia, definhando, passando fome
    Não tem recuperação por que não tem Linhares no sobrenome

    Mão da criança sangra, após corte da linha
    Mas não pelo cerol em pleno sol soltando pipa
    Infância violada, pondo etiqueta em camiseta
    Da fábrica clandestina para a vitrina burguesa

    Círculo vicioso. Linha de sangue na quebrada
    Eu vejo as Hollyster e Coolcat alvejadas
    Apenas nós que sangra, apenas nós que sofre
    Somos o alvo de quem lucra com a indústria da morte

    Se for preciso atirar pros vivos parar de vegetar
    Ver que o tráfico é nota de corte pra nós no vestibular
    Lá fecham o eixão pra rolê de Tiffany no domingo
    Aqui sala do DP pra nós assumir o homicídio

    Se as mira à lazer do gueto tivesse na testa da playboyzada
    Com certeza não chegaria tanto armamento na quebrada
    Se o gueto não se aliar terrorismo vai continuar
    Assassino vai trocar viatura pela cadeira parlamentar

    Desigualdade causticante, fere o peito preto desse pobre errante
    Mesmo pequeno tem que ser gigante
    É no gueto onde se vive cotidiano agonizante
    Desconforto plural, entrar na fila como igual
    A gente sabe a descrença, mal querença
    Indiferença, ser o trajado cultura reincidência

    Pra vocês Thomas Jeferson, 12 anos inglês fluente
    Verto “to be” da 5ª série ao nível médio pra nossa gente
    Com 15 ficou livre, atropelou pedestre na faixa
    Eu fui internado, não caguetei o traficante da quebrada

    Falar de latrocínio e sangue no chafariz
    É menos violento que a eleição do Fraga e da família Roriz
    Se não assinar o confere, vai voltar pra grade
    Pra nós o Brasil é de tudo, menos da impunidade

    Num dá nada! Farsa contada, mídia propaga quantas vezes por dia
    É bem melhor, botar us menor, nos corredor que se privatiza
    Assim patrão garante o lucro
    Como as Pedrosas que vende cinco vezes o mesmo túmulo

    Sinal da cruz em frente ao banco, assim são os burgueses
    Que sonegam 200 bilhões em apenas cinco meses
    Impune, é nós aqui de quebrada, né senhores
    Nunca o superávit, genocídio via bolsa de valores

    Igual o hipermercado que mata o comércio da comunidade
    Passar por cima de filho da puta que pensa política pra nossa classe
    Campanha tem que ser cobrada, como quem deve na bocada
    A violência da quebrada ainda ta mal direcionada

    ECA, Maria da Penha, Estatuto Igualdade Racial
    Criança trabalha, mulher apanha e negro no trampo braçal
    Da forma que o RAP é um braço forte do Hip Hop
    O Quadrilha é um tanque de guerra do exército em prol dos pobre

    Desigualdade causticante, fere o peito preto desse pobre errante
    Mesmo pequeno tem que ser gigante
    É no gueto onde se vive cotidiano agonizante
    Desconforto plural, entrar na fila como igual
    A gente sabe a descrença, mal querença
    Indiferença, ser o trajado cultura reincidência


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