Don't Try Suicide

Provocação e urgência em "Don't Try Suicide" do Queen

"Don't Try Suicide", do Queen, aborda o suicídio de forma direta e provocativa, usando um tom sarcástico e humor negro para tratar um tema delicado. Frases como “nobody cares” (ninguém liga) e “you're just gonna hate it” (você só vai odiar) rompem com a abordagem tradicionalmente compassiva, buscando chocar o ouvinte e afastar a ideia do suicídio. Essa escolha estilística não é insensível, mas sim uma tentativa de expor a solidão e o desespero de quem pensa em tirar a própria vida, ao mesmo tempo em que rejeita a romantização do ato. O contexto pessoal, envolvendo David Minns, ex-namorado de Freddie Mercury que tentou suicídio após o fim do relacionamento, dá ainda mais peso à mensagem e à urgência das repetições como “don't do it, you got a good thing going now” (não faça isso, você tem algo bom acontecendo agora).

A letra também sugere que o suicídio pode ser um pedido de atenção, especialmente nos versos “A little bit attention? You got it / Need some affection? You got it” (Um pouco de atenção? Você conseguiu / Precisa de carinho? Você conseguiu). Mercury critica a dramatização do ato, mas reconhece a necessidade de ajuda, como em “You need help / Look at yourself, you need help” (Você precisa de ajuda / Olhe para si mesmo, você precisa de ajuda). O uso de expressões coloquiais e até agressivas, como “all you do is get on my tits” (tudo o que você faz é me irritar) e “you just can't be a prick teaser all of the time” (você não pode provocar o tempo todo), aproxima a música do ouvinte e reforça o impacto da mensagem. O clima musical inspirado no rock and roll dos anos 1950, com piano e guitarra marcantes, cria um contraste entre a leveza sonora e o peso do tema, tornando a faixa ainda mais provocativa.