Quem Quiser Saber de Mim

A Força da Identidade e da Fé em 'Quem Quiser Saber de Mim'

A música 'Quem Quiser Saber de Mim', de Rafael de Lemba, é uma poderosa expressão de identidade e fé, entrelaçando elementos da cultura afro-brasileira com a espiritualidade cristã. A letra começa com uma afirmação de identidade: 'Quem quiser saber de mim, ó meu bem / Quem quiser saber quem sou'. Essa repetição reforça a importância de se conhecer e se afirmar diante dos outros, especialmente em um contexto onde a identidade pode ser questionada ou marginalizada.

A metáfora da 'pimenta de arder na língua de falador' e 'chibanca de chicote nas costas de brigador' sugere uma postura de resistência e defesa contra aqueles que criticam ou atacam. A pimenta, conhecida por seu ardor, simboliza a capacidade de causar impacto e desconforto em quem fala mal. Já a chibanca, uma ferramenta de trabalho, aqui é transformada em um símbolo de retaliação e força. O berimbau zangado na boca do cantador remete à capoeira, uma arte marcial afro-brasileira que combina luta, dança e música, e que historicamente serviu como uma forma de resistência cultural e física.

A música também celebra a fé em Deus e a gratidão ao mestre que ensinou a 'malandragem' na capoeira. 'Viva Deus do céu' e 'Viva meu mestre' são expressões de louvor e reconhecimento. A menção à 'malandragem' e 'tombo de mandinga' na capoeira destaca a astúcia e a habilidade necessárias para sobreviver e prosperar em um ambiente adverso. A capoeira, com suas raízes na resistência dos escravos africanos no Brasil, é aqui exaltada como uma escola de vida ('tamo no colégio'), onde se aprende não apenas a lutar, mas a viver com dignidade e resiliência.

A música de Rafael de Lemba é, portanto, uma celebração da identidade, da resistência cultural e da fé, entrelaçando elementos da cultura afro-brasileira com a espiritualidade cristã de forma única e poderosa.