Saudade Pra Curar (part. Yago Oproprio)

Espiritualidade e cotidiano urbano em “Saudade Pra Curar”

“Saudade Pra Curar (part. Yago Oproprio)”, de Rô Rosa, se destaca por unir referências espirituais à rotina urbana, mostrando como a busca por equilíbrio entre o sagrado e o profano faz parte do dia a dia de quem enfrenta desafios constantes. O verso “Tô tramitando entre o sagrado e o profano / E a gente vai purificar” evidencia esse trânsito entre dois mundos: de um lado, a proteção dos orixás e a espiritualidade; do outro, as tentações e dificuldades da vida na cidade. Essa dualidade é reforçada pelo contexto do EP “Estações”, que aborda diferentes fases e sentimentos, e pelas declarações de Rô Rosa sobre a importância de acreditar nos sonhos mesmo diante das adversidades.

A letra também ressalta a luta de quem “vem debaixo”, mostrando que conquistar espaço e respeito é mais difícil para quem enfrenta desigualdades sociais. Trechos como “É mó dobrado pra ganhar” e “Sempre faz seus corre na cidade” traduzem a realidade de quem precisa se esforçar em dobro. A saudade surge como algo a ser curado, seja de pessoas, momentos ou de uma vida mais tranquila. A música sugere que a superação passa pelo autocuidado — “Vou dar um tibum na cachu / Pra fortificar / Me levar mais a sério / Escutar meus orixás” — e pela valorização das pequenas conquistas do cotidiano. Ao brincar com o contraste entre pureza e desejo, como em “Quando tá comigo, santa fica safada”, a canção reforça o tema do equilíbrio entre opostos, trazendo uma narrativa acessível, real e marcada pela identidade brasileira.