Mbaé Cocar
Roberto Eloy
Vem da mata o vento a soprar
Seu rebento, semente que vai germinar
Bem-vindo ao mundo aos olhos de quem voa
Escute a sinfonia que ecoa
A jornada acabou de começar
Descobre o corpo, corre o ninho, ajeita a palha
Doce pena que agasalha
A queda de um aprendiz
Onde o impossível ganha asas
O tempo não deixa cicatriz
Grandeza no olhar que se aproxima
Beleza é ver o mundo lá de cima
Marca na pele que a vida é mesmo batalha
É caça que a lança não talha
Por trás de toda flor
Existe o amargor
Da folha que descobre a caminhada
Sua visão colore o céu de escuridão
Conhece do breu, a cor da solidão
Se a luz faz a dor cessar
Brilho do sol, onde andará?
Escorre o tempo
Para o corpo do veneno libertar
E quando a ferida se fecha
Corre o sangue feito flecha
Afastando o invasor
Som que atravessa a folhagem
Imagem que o guerreiro enxergou
No doce espelho da vida
O sentimento do seu criador
É quando o corpo balança, no rito, na dança
Que o peito pulsa ao som do maracá
Vibra o coração da Tijucano
Na força do cocar
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