Você Colhe O Que Planta

Já perdi a conta de quantas vezes tentei fazer
Irmão acreditar que é possível vencer
Desde moleque esse discurso sempre na mesma tecla
Ver os caras estudar, dando orgulho pra velha.
A meta não é só show, cd autografado.
Eu quero ver os que sobraram vencer sem voz de assalto
Aí sim vou ver o efeito da minha letra
Que todo o sofrimento e esforço valeu a pena
Não é fácil e nada nessa vida será
Se não quer ficar pra trás, tem que se adiantar.
Quantas vezes sonhei com a paz? Cada vez mais distante
Tudo o que a gente tromba é sapeca no meio dos bang
A cada ano esse bagulho não termina
Parece eternidade a era das chacinas
Engana-se quem pensa que aceito essa fita
Covardia, trairagem tem de monte na perifa.
Se não é nós por nós, quem é pela a gente?
Se a guerra continua a quebra não vai pra frente
E segue do jeito que ninguém sabe o futuro
Se amanhã pode tá morto e a coroa tá de luto
Nossa cara não é ter pistola na cinta
É calar a boca dos que da gente desacredita
O seu destino não é levar tiro na agência
É lutar por quem sobrevive na indigência

Aqui o bagulho é louco, não fecha a porta.
A vida é bumerangue, o que vai sempre volta.
Então se liga aí no que faz, não desanda.
A lei é essa aqui, você colhe o que planta.

Tudo o que o homem deseja tem algum preço
Sendo por amor, pelo ódio ou medo.
Altos passam do limite, sabe a consequência.
Fez aqui, aqui mesmo paga, é a sentença.
Não tem preço ver aqueles parceiros das antigas
Tá firmão e contrariando a estatística
Que pobre, cedo ou tarde, vai ser mais um detento.
Ou o centro das atenções em mais um sepultamento
O carro bem louco, o bolso cheio de grana.
Instiga qualquer irmão, mas também nos engana.
Vadia arma casinha pra catar as paradas
Quem dizia que te ama, “cumpadi”, não vale nada.
Quem nunca quis ser o Robin Hood do gueto
Bancar pra rapaziada uma “gel” e red label
Fortalecer a quebra com lazer e cultura
Pros moleques conhecer o lado bom dessas ruas
Plantar amor, esperança em cada coração
Colher a paz interior e o respeito trutão
Mas tá embaçado, só vejo guerra diária
A inveja construindo inimigos de graça
Queria que fosse ilusão, pena que não é.
Ver a paz entre os irmãos e as minas de fé
Mas se não é realidade, vou ao menos sonhar.
Censurar a verdade não faz a guerra acabar.

Aqui o bagulho é louco, não fecha a porta.
A vida é bumerangue, o que vai sempre volta.
Então se liga aí no que faz, não desanda.
A lei é essa aqui, você colhe o que planta.