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A Cascavé

Rolando Boldrin

LetraSignificado

    Tuda vez que ele ia na estação
    E arrecebia carta do Bastião
    Vinha me percurá tão sastisfeito
    Que o pobre do veínho
    Inté garrava um jeito
    De moço que não tem ainda barba na cara

    Correndo ele varava a cerca de taquara
    E chegava se rindo
    Me pedindo pra eu lê
    A carta que o fio escreveu

    Mais de oito ano sem Pará
    Fui eu que leu as carta dele
    Uma por uma
    E vi as tristeza e as alegria
    Que o véio tinha
    Com as notícia que vinha
    Lia pra ele escuitá
    Despois Nhô Gabrié pedia pra eu guardá

    Vô lê pra mecêis esta aqui que é a primeira
    O véio inté choro com a brincadeira
    Quár é o pai que qué vê o fio judiado, né?
    Oia só o que o desesperado
    E pobre do rapaz mando dizê!

    Meu pai, não posso mais suportá
    Os desaforo do patrão
    Só me chama de tonto e caipirão
    A peste da patroa que parecia sê boa pessoa
    Garrô a me chamá de indige
    E diz que o meu lugá é a mata virge

    Tudo essas carta que mecês tão vendo
    Foi chegando, eu fui lendo
    E eu ia lendo, ele ia escuitando
    E as carta que despois de um ano
    O véio me pedia pra mim lê
    Inté dá gosto de vê

    É escrevida com letra de jorná
    Pra lê não perciso engarupá os óculos no nariz
    Tem cada uma com cada palavreado
    Que deixava nóis dois atrapaiado

    Óia só o que essa aqui diz
    A minha vida é a sombria floresta
    Que o Sol do amô mudou numa sala de festa
    Nhô pai! Vô me casá
    Quebrei o compromisso de ficá celibatáro
    Oi só! Celibatáro

    Ocêis sabe o que é?
    Se não fosse o boticário
    Nóis dois tamém ficava sem sabe
    É quem fica sortêro inté morrê

    Bão! Com essa notícia
    O veinho inté canto
    Inté uma bebedêra ele tomo
    Canto pra tudo o povo
    Comprô um sapatão novo
    Um pareio de roupa no Salim
    Nunca vimo ele tão contente anssim

    Escuite agora a úrtima carta arrecebida
    Que era mió que fosse consumida
    Acho bão o senhor num vim no casamento
    O povo daqui é luxento
    Deve comparecê pessoa de arta roda
    Que se traje de acordo com a moda

    Por isso eu não desejo
    Que a sua absoluta farta de traquejo
    Me deixe envergonhado
    Justamente no dia do noivado

    Quando eu cabei de lê
    Ele garrô a tremê, tremê
    Ficô branco, branco
    Se assentô saluçando ali no banco
    Bebeu água e foi-se embora se arrastando

    Da janela inda pude vê ele travessando
    Lá a ponte do Corguinho
    No outro dia bem cedinho
    Perto de pau d’aio ali no ataio
    Acharo o pobre esticado

    Logo chegô o sub-delegado
    Com dois sordado junto
    Tivero ali vendo o corpo do defundo
    E arguém disse
    Deve de ter sido arguma cascavé
    Que mordeu Nhô Gabrié


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