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Dia Das Mães

Rolando Boldrin

LetraSignificado

    Mãe, eu volto a te ver na antiga sala
    Onde uma noite te deixei sem fala
    Dizendo adeus como quem vai morrer
    E me viste sumir pela neblina
    Porque a sina das mães é esta sina
    Amar, cuidar, criar depois perder

    Perder o filho é como achar a morte
    Perder o filho quando grande e forte
    Já podia ampará-la e compensá-la
    Mas nesse instante uma mulher bonita
    Sorrindo o rouba
    A velha mãe aflita ainda se volta
    Para abençoá-la

    Assim partiu e nos abençoaste
    Fui esquecer o bem que me ensinaste
    Fui para o mundo me deseducar
    E tu ficaste num silêncio frio
    Olhando o leito que eu deixei vazio
    Cantando uma cantiga de ninar

    Hoje volto coberto de poeira
    E te encontro quietinha na cadeira
    A cabeça pendida sobre o peito
    Quero beijar-te a fronte e não me atrevo
    Quero acordar-te, mas não sei se devo
    Não sinto que me caiba esse direito

    O direito de dar-te este desgosto
    De te mostrar nas rugas do meu rosto
    Toda a miséria que me aconteceu
    E quando vires a expressão horrível
    Da minha máscara irreconhecível
    Minha voz rouca murmurar, mamãe sou eu

    Eu bebi nas tabernas dos cretinos
    Eu brandi o punhal de assassinos
    Eu andei pelos braços dos canalhas
    Eu fui jogral em todas as comédias
    Eu fui vilão em todas as tragédias
    Eu fui covarde em todas as batalhas

    Eu te esqueci, as mães são esquecidas
    Vivi a vida, vivi muitas vidas
    E só agora quando chego ao fim
    Traído pela última esperança
    E só agora quando a dor me alcança
    Lembro quem nunca se esqueceu de mim

    Não, eu não devo voltar
    Eu devo ir embora, ser esquecido
    Hã? Mas o que foi?
    De repente eu ouço um ruído

    A cadeira rangeu, é tarde agora
    Minha mãe se levanta abrindo os braços
    E me envolvendo num milhão de abraços
    Rendendo graças diz, meu filho, e chora

    E chora e treme como fala e ri
    E parece que Deus entrou aqui
    E vê o último dos condenados
    E o seu pranto rolando em minha face
    Quase como se, se o céu me perdoasse
    Me limpando de todos os pecados

    Mãe, nos seus braços eu me transfiguro
    Lembro que fui criança, que fui puro
    Sim, eu tenho mãe
    E essa aventura é tanta que eu compreendo o que significa
    O filho é pobre, mas a mãe é rica
    O filho é homem, mas a mãe é santa

    Santa que eu fiz envelhecer sofrendo
    Mas que me beija como agradecendo
    Toda a dor que por mim foi causada
    Dos mundo onde andei nada te trouxe
    Mas tu me olhas num olhar tão doce
    Que nada tendo não te falta nada

    Dia das mães é o dia da bondade
    Maior que todo o mal da humanidade
    Purificada num amor fecundo
    Ora, por mais que o homem seja um mesquinho
    Enquanto a mãe cantar junto a um bercinho
    Cantará a esperança para o mundo


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