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O Sem Rumo

Rolando Boldrin

Letra

    Um dia eu tava andando numa estrada poeirenta
    Com minha trocha de pouca roupa pendurada, a viola calada
    E vinha eu como um caboclo sem rumo
    Sem aprumo de sabê pra onde eu caminhava
    Porque naquele tempo a minha vida num valia nada
    Nada, nada dava certo

    Foi quando eu oiei assustado assim pro chão
    Ali perto do meu lado e vi a marca de dois pé
    Como se arguém tivesse me acompanhando
    Estrada afora num jeito invisível

    Eu quis inté corrê amedrontado
    Mas uma voz tão doce me falô no ouvido
    -Não se assuste, caboclo, sô eu que tô aqui do teu lado
    Eu quem? Em? Eu preguntei assustado

    Quem é que tá falando assim comigo?
    E a voz ainda mais doce me respondeu
    -Eu sou o seu único amigo, e sô como vancê, fio de Deus
    Também andei pelo mundo, ele falô

    E fui como vancê um pobre vagabundo
    Sem tê ninguém qui intendesse o meu amô
    Também chorei, como vancê às vez chora suzinho
    E já andei por essa estrada cheia de espinho
    E na poeira também pisei as minha dô

    Eu fui tropêro, fui boiadêro
    Capinadô, rocêro, andei também como um esmolér, ele falô
    Já fui chamado de louco e mentiroso
    Já me tiveram na conta de um home perigoso
    Mas nunca, nunca em minha vida eu perdi a fé

    Pru que eu tinha arguém como vancê tem eu agora
    Pra acumpanhá estrada afora um gente invisível
    Arquém pra me dá o braço nas horas triste do meu cansaço
    E é em nome desse arguém

    Que agora eu tô aqui pra lhe acompanhá
    Eu tô na sua vida, caboclo, tô na sua estrada
    E memo ela sendo comprida, sufrida, dilurida
    Sem nunca lhe cobrá nada
    Hei de enxugá suas ferida pra tudo canto que vancê andá

    Falô isso e se calô
    E desde esse dia seus pé continuô no meu caminho
    Eu num tava mais suzinho
    As marca dos pé dele
    Os sinár dos pé dele sempre a me acompanhá

    Um dia a vida miorô, tudo mudô
    Casei com uma cabocla linda que só vendo
    E tivemo um fiinho que era, que era uma boniteza
    E no meu rancho pobre agora era riqueza de alegria e amô

    Mas como tudo na vida é passageiro
    Minha muié, tadinha, um dia caiu no desespero, meu fio adoentô
    E em poco tempo aquelas duas criatura que era toda minha fartura
    Foi-se embora num sei pra donde, morrero, se acabô

    Eu chorei como quem chora de verdade, suzinho
    E aí me alembrei que de uns tempo pra cá
    No meu caminho as marca dos pé dele tinha desaparecido
    Eu tava tão abandonado, tão perdido como nunca tive antes
    Eu tava tão suzinho e tão distante dele
    Que deu inté pra me desesperá e arrevortá

    Cadê vancê? Eu preguntei
    Vancê jurô nunca me largá
    Vancê jurô me acumpanhá pra todo o sempre
    E óia agora como me dexô ficá
    Nas hora que eu mais precisei de vancê
    As marca do seus pé num apareceu
    E eu só vejo no chão moiado de tristeza as marca dos meu

    Foi aí que despois de tanto tempo
    A voz tão doce vortô pra me falá
    Levanta caboclo, adonde que tá a sua fé?
    Vancê pode me xingá, ele me disse
    Pode inté me excomunga

    Mas se percurá as marca dos meus pé vai encontrá
    A sua é que num tá, ele me disse
    Pode me xingá, eu nunca me amolo
    Pois na hora que vancê mais precis|ô
    Eu tava com vancê no colo

    Composição: adaptação Rolando Boldrin. Essa informação está errada? Nos avise.

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