Amor Enterrado (part. Joe Veras)

“Amor Enterrado (part. Joe Veras)”: luto, culpa e verdade

“Amor Enterrado (part. Joe Veras)” transforma o fim do amor em luto real — um “enterro” do que não renasce. Romeo Santos já disse que é a faixa mais triste de Utopía, e o clipe reforça essa dor ao mostrar um casal com filhos, ressaltando que o impacto do rompimento vai além dos dois adultos. A narrativa é de honestidade crua: o eu lírico tenta reanimar o vínculo — “Llevo dos años.../Puse mis fuerzas, mas todo fue en vano” (Já faz dois anos.../Dei minhas forças, mas tudo foi em vão) — e reconhece que a chama se apagou: “De ese amor que ayer fue lumbre, ni se encuentran las cenizas” (Daquele amor que ontem foi chama, nem se encontram as cinzas).

O contraste “Eran épicos los besos/Hoy solo es juntar saliva” (Os beijos eram épicos/Hoje é só juntar saliva) expõe o desgaste: de intensidade a mecânica. As imagens fortes explicam por que não se força sentimento: “amenazando el corazón con un puñal” (ameaçando o coração com um punhal) traduz a culpa de tentar obrigar-se a amar; “Como un zombie” (Como um zumbi) indica corpo presente e desejo morto. O texto encara o fingimento por medo de ferir — “Notaste sentimientos actuados.../Por miedo a herirte fingí” (Você percebeu sentimentos encenados.../Por medo de te ferir, eu fingi) — e chega à confissão: “Nadie logra mandar al corazón” (Ninguém consegue mandar no coração). O peso maior recai sobre as crianças — “Pobre de los niños” (Pobres das crianças) —, o que dá dimensão ética à renúncia: é melhor a verdade melancólica do que sustentar uma farsa. Sereno e resignado, o relato sela a ideia central: amor enterrado não volta a nascer.