Real Periferia

Hipocrisia social e resistência em "Real Periferia" do RZO

"Real Periferia", do RZO, faz uma crítica direta à hipocrisia social presente nas periferias, mostrando como o preconceito muitas vezes parte de quem se diz humilde, mas não pratica a união e o respeito entre vizinhos. O verso “Trabalha o dia inteiro, é um android do sistema / E a noite se recolhe ao preconceito do seu doce lar” destaca como muitos preferem se isolar e reforçar estigmas, em vez de buscar solidariedade e conexão com a comunidade. A música também denuncia o estigma que associa a periferia à criminalidade, como fica claro quando “pegam o telefone e nos descrevem à policiais” apenas pela presença de jovens nas ruas à noite.

A letra retrata o cotidiano de bairros como Pirituba, evidenciando a necessidade de vigilância constante diante da violência e da repressão policial, exemplificada em “Primeiro eles atiram pra depois perguntar o que é”. Apesar das dificuldades, o RZO ressalta o respeito e a coletividade entre os moradores: “Todo mundo se respeita, aqui ninguém vacila”. A música ainda alerta para os perigos da corrupção e do envolvimento com drogas, mostrando a relação entre tráfico, dinheiro e conivência policial: “Pois enquanto houver o dinheiro, vai existir a droga / Pois o dinheiro compra a droga e consentimento da polícia”. Ao final, a mensagem é de resistência e valorização da identidade periférica, incentivando a busca por liberdade e utilidade dentro da comunidade, sem se deixar abater pelo ciclo de violência e exclusão.