Mangueira 2023 - Lequinho e Cia (part. Margareth Menezes)

Mulheres negras e ancestralidade em “Mangueira 2023 - Lequinho e Cia (part. Margareth Menezes)”

A música “Mangueira 2023 - Lequinho e Cia (part. Margareth Menezes)” coloca as mulheres negras no centro da narrativa, destacando seu papel fundamental como agentes de transformação e resistência. A expressão “flecha da evolução” simboliza o avanço social e cultural impulsionado por essas mulheres. Inspirado pelo enredo “As Áfricas que a Bahia Canta” e pela participação de Margareth Menezes, o samba-enredo exalta a ancestralidade africana e a força feminina, apresentando a Mangueira como um “quilombo verde e rosa” e um “palácio de toda rainha preta”. Essas imagens reforçam a escola de samba como um espaço de protagonismo e realeza para as mulheres negras, celebrando sua importância histórica e cultural.

A letra faz referências diretas a divindades afro-brasileiras como Exu, Oyá e Oxum, além de elementos marcantes da cultura baiana e do candomblé, como o padê de Exu, o ijexá, os afoxés e os atabaques. Ao citar “meu cabelo black, negão, coroa de preto”, a canção valoriza a estética negra e a identidade afrodescendente. Versos como “resistir é lei, arte é rebeldia” e “coroada pelos cucumbis, do quilombo às embaixadas” conectam a luta ancestral à expressão artística e à resistência cotidiana. O samba também homenageia movimentos culturais como Ilê Aiyê, Olodum, Filhos de Gandhi e Debalê, mostrando como a Bahia e suas Áfricas são essenciais para a identidade brasileira. Ao repetir “quando o verde encontra o rosa, toda preta é rainha”, a música transforma o desfile da Mangueira em um manifesto de orgulho, resistência e axé.