Tom Maior - Samba-Enredo 2023

A Força Ancestral e a Devoção em 'Tom Maior - Samba-Enredo 2023'

A música 'Tom Maior - Samba-Enredo 2023' é uma celebração da herança africana e da espiritualidade presente nas religiões de matriz africana, como o Candomblé. A letra começa com a afirmação de identidade: 'Sou filho de mãe preta / Que batizou meu tambor', destacando a importância da ancestralidade e da cultura afro-brasileira. O tambor, um instrumento central nas cerimônias religiosas, simboliza a conexão com os antepassados e a força espiritual que guia o caminho do cantor.

A letra faz várias referências a divindades do panteão iorubá, como Oduduá, Obatalá, Olodumaré, Ogum e Exu. Cada uma dessas entidades tem um papel específico na cosmologia africana, representando aspectos como a criação, a guerra, a proteção e a cura. Por exemplo, Obatalá é descrito como 'candeia do Orum', iluminando os sonhos de Olodumaré, o deus supremo. Ogum, o deus da guerra, é mencionado como aquele que luta nas batalhas, enquanto Exu é o 'rei guardião', uma figura ambígua que pode abrir ou fechar caminhos.

A devoção e a fé são temas centrais na música, expressos através de pedidos de perdão e proteção. A letra clama por cura e iluminação, pedindo a bênção de Oxum, a deusa do amor e da fertilidade, e reconhecendo a importância das 'Iyalodé', mulheres líderes nas comunidades. A música termina com uma declaração de devoção e identidade: 'Nosssa Senhora, tens a minha devoção / E nesse adurá em procissão / Pra sempre lembrarei de quem eu sou'. Essa passagem final reforça a ideia de que a espiritualidade e a ancestralidade são fundamentais para a identidade do indivíduo, guiando-o em sua jornada de vida.