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Letra

    No mormaço do fim da tarde, outro inverno se despede
    Ventania quente que arde e o sossego se perde
    E ainda tem quem, pela cor da pele, conviva com a aberração
    De ser vigiado no supermercado e na fila do pão

    Na manhã de um dia qualquer o amor recebe a sentença
    Sendo fiscalizado e sempre julgado ao critério da crença
    Que usa a fé como espada e desculpa pra machucar quem lhe convém
    Deus me livre e me guarde também da maldade que se diz de bem

    Deus me livre do seu ódio em nome de Deus

    Fora daqui com o cinismo
    Fora daqui a sua dissimulação
    Fora!

    Fora daqui com o sadismo
    Fora daqui a sua manipulação
    Fora!

    Não espere a chegada de um momento raro trazer redenção
    Pra que enfim sejam percebidos detalhes perdidos em vão
    Todo agora é hora de sair do transe e seguir adiante
    Pois a vida aqui fora acontece na tora a todo instante


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