Monstruo

O monstro interior e a criatividade em “Monstruo” de Santaflow

Em “Monstruo”, Santaflow explora a dualidade do “monstro” interior, que representa tanto seus medos e inseguranças quanto uma força criativa indispensável. O artista deixa claro, no verso “Mi amigo es el monstruo que habita en mi piel / Él está en mi cabeza, me dice qué hacer” (“Meu amigo é o monstro que habita na minha pele / Ele está na minha cabeça, me diz o que fazer”), que não tenta negar esse lado sombrio. Pelo contrário, ele convive com ele, reconhecendo sua influência constante sobre suas decisões e pensamentos.

A letra reflete diretamente a experiência de Santaflow com a fama e o preço pessoal que ela impõe. Ao dizer “Yo buscaba fama y logré portadas en la prensa, (todo tiene un costo)” (“Eu buscava fama e consegui capas na imprensa, (tudo tem um preço)”), o artista admite que o sucesso trouxe consequências inesperadas, como confusão mental e um vazio existencial. O monstro, nesse contexto, simboliza como o sucesso pode alimentar obsessões e autossabotagem, dificultando a busca por paz mesmo após conquistar objetivos. O trecho “Todo lo que amé de verdad me mata y no lo puedo controlar / Mi obsesión no deja de joder, tic tac, siento mi mente frita” (“Tudo o que amei de verdade me mata e não posso controlar / Minha obsessão não para de incomodar, tic tac, sinto minha mente frita”) aprofunda essa luta interna, mostrando que o próprio amor pela música pode ser destrutivo.

Santaflow também faz uma autocrítica ao afirmar: “Mal ejemplo dí, pero corrijo, yo no tengo que educar a tus hijos, yo no elijo” (“Dei mau exemplo, mas corrijo, não tenho que educar seus filhos, não sou eu quem escolho”). Ele reconhece suas falhas, mas acredita que, se sua trajetória puder ajudar alguém, já terá valido a pena. O refrão repetitivo reforça a ideia de que o “monstro” é uma presença constante, impossível de ser derrotada, mas que pode ser compreendida e aceita como parte do processo criativo e da identidade do artista.