Volta e Meia (part. O Terno e Devendra Banhart)

Sentimentos universais e solidão em "Volta e Meia"

Em "Volta e Meia (part. O Terno y Devendra Banhart)", Shintaro Sakamoto utiliza a alternância de idiomas para mostrar que sentimentos como saudade, dúvida e apego após o fim de um relacionamento são universais, ultrapassando barreiras culturais. O verso “Dou muita volta e volta e meia ainda volto pra você” resume o ciclo emocional de quem tenta se afastar, mas acaba sempre retornando ao passado, mostrando a dificuldade de romper laços afetivos mesmo diante da incerteza e do medo de ainda gostar da pessoa.

A letra mergulha na solidão e na introspecção pós-término, como em “Tomo um susto ainda quando acordo sem ninguém / Prefiro pensar que tudo bem”, revelando o esforço para se adaptar à ausência e racionalizar a dor. A imagem do rádio tocando uma música de amor, que parece falar diretamente ao ouvinte, mostra como memórias e sentimentos persistem em detalhes do cotidiano. O trecho em japonês, “mata kyou mo iru kagami no naka no shiranai otoko” (hoje de novo, há um homem desconhecido no espelho), aprofunda o sentimento de estranhamento consigo mesmo após a separação, sugerindo uma crise de identidade.

A colaboração entre O Terno, Devendra Banhart e Shintaro Sakamoto amplia o alcance emocional da música, reforçando que a necessidade de decidir sozinho o que fazer após um término – “Tenho que pensar sozinho / Não vão me ajudar / Eu vou decidir sozinho” – é uma experiência comum, mas vivida de forma íntima. A sonoridade suave, com influências de bossa nova e MPB, contribui para a atmosfera melancólica e reflexiva, tornando "Volta e Meia" um retrato sensível da complexidade dos sentimentos pós-relacionamento.