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Letra

    Jacó tinha doze filhos: Rubem, Simeão, Judá, Levi
    Gade, Aser, José, Benjamim, Issacar, Zebulom, Dã, Naftali
    (Naftalina?)

    José era o mais querido, ganhou de seu pai uma túnica
    Seus irmãos o invejavam: Quantas cores! Única!
    Pra piorar, José contava seus sonhos
    Risonhos pra ele, pros manos, tristonhos
    Num deles, todos pegavam feixes
    O molho de José ficava de pé
    Os dos outros o rodeavam e se inclinavam

    Isso aumentava nos irmãos a raiva e ciúme
    Esse moleque não perde esse costume!
    Você acha que vai sobre nós reinar?
    Ah! Vamos é te pegar e surrar!
    Ele teve outro sonho ainda: O sol (Jacó), a lua (Raquel)
    E onze estrelas dos céus (por acaso os irmãos seus)
    Se inclinavam diante de José
    Seu pai o repreendeu: Vai com calma, Mané!
    Se acha o cacique, o pajé? O rei da ralé?
    Mas cheio de emoção guardava isso no coração

    Um dia os irmãos cuidavam do gado
    E Jacó mandou José, o folgado
    Ir ver se os irmãos estavam bem
    E José foi até Siquém
    Ali eles não estavam, mas em Dotã
    E os irmãos o viram: Lá vem o tantã!

    Queriam matar o menino
    Mas Rubem pensou em melhor destino
    Os irmãos a túnica única tiraram
    E num buraco o jogaram

    Foi Judá que teve outra idéia
    Vender José aos ismaelitas
    Que iam pro Egito, numa caravana
    Em seus camelos, levando coisas bonitas

    Rubem viu a cova vazia e com os outros grita
    Venderam José? Como voltarei a nosso pai?
    Então pegaram a túnica única e a mancharam
    No sangue de um cabrito que mataram
    Levaram a Jacó que viu e chorou
    Uma fera pegou José e o devorou! (ele pensou)

    E José, moço bonito
    Foi levado ao Egito
    Quem o comprou foi Potifar, capitão
    E vendo que tudo prosperava em sua mão
    Entregou a José tudo o que tinha

    Potifar tinha uma mulher bonitinha
    Que gostou de José, e quis fazer coisa feia
    Trair seu marido, no escondido, armou uma teia
    Quando não tinha ninguém na casa
    Pra José arrastou a asa, que disse: Vaza!
    Seu marido me confiou tudo, menos a esposa
    Não lhe faria isso, coisa horrorosa
    Pecar contra ele e meu Senhor Deus
    Melhor tirar de mim os olhos teus!

    Mas ela agarrou José pela roupa e a tira
    Fugiu pelado, coitado! Aí ela inventou a mentira
    Disse ao marido: Ele quis de mim se aproveitar
    E eu comecei a gritar e gritar, pra lhe assustar
    E assustado ele fugiu sem a roupa
    Potifar ficou com raiva! Quase lhe deu uma peia
    E José foi parar na cadeia

    E ali estava José, na prisão
    Mas tudo prosperava em sua mão
    E o carcereiro fez dele o chefe dos presos
    E José superava os desprezos
    Isso não nos deixa surpresos?

    Lembra que José costumava ter sonhos?
    Ele também os interpretava
    Mesmo os sonhos estranhos e os medonhos
    Ele ouvia e desvendava

    Um dia foram presos o copeiro e o padeiro
    Porque ofenderam o rei do Egito inteiro
    E os dois, chefiados por José na prisão
    Mostravam uma estranha perturbação

    José perguntou: Por que esta tristeza?
    (José tudo percebia com destreza!)
    Eles disseram: Ao nosso sonho, nossa visão
    Ninguém dá a interpretação

    José lhes respondeu: Deus tudo desvenda!
    O resto é lengalenga, é lenda
    Contem-me! Por favor

    E o copeiro contou com pavor
    Saíam três galhos de uma parreira
    De cada galho saia uma flor na beira
    Que amadurecia e virava um cacho, um cachão
    E eu espremia as uvas no copo do macho, o machão
    O Faraó. E entregava o copo na sua mão

    José falou que três galhos eram três dias
    E neste tempo, terminariam suas agonias
    O copeiro, assim como gostaria
    Ao seu trabalho antigo voltaria, serviria o Faraó
    E ao copeiro disse: Não me deixe só
    Quando estiver bem, lembre-se de mim
    Estou preso sem ter feito nada de ruim

    E o padeiro, ouvindo a boa interpretação
    Contou seu sonho, cheio de animação
    Na minha cabeça tinham três cestos com pães
    No mais alto ficavam os pães do Faraó
    E vinham aves, e as comiam sem dó

    José explicou que cada cesto era um dia
    E em três dias, Faraó sua cabeça arrancaria
    Num pau penduraria, e as aves, suas carnes comeriam
    Realmente tudo isso aconteceu
    Mas o copeiro-mor, ficando bem
    De José se esqueceu

    Dois anos se passaram, e José continuou na prisão
    E agora quem teve um sonho estranho? Faraó
    Eram sete vacas bonitas e gordas, feito um botijão
    E outras sete feiosas, e magras de dar dó
    As feiosas comiam as gordas na praia do rio
    E sonhou outro sonho, que lhe deu arrepio
    Numa planta brotaram sete espigas cheias e boas
    Depois outras sete miúdas e queimadas pelo vento brotavam
    E as magras e queimadas as boas e cheias devoravam

    Ele ficou agoniado, e precisava da interpretação
    Aí o copeiro-mor se lembrou, enfim, de José na prisão
    E ao Faraó contou o sonho dele, do padeiro, e a conclusão
    Aos mistérios, o Deus de José deu a explicação

    Então Faraó mandou chamar José, e contou-lhe seus sonhos
    Disse que em todo o Egito, nada diziam sábios, magos e adivinhos
    José disse: Faraó, o sonho é um só, é o que Deus fará
    No futuro próximo, o que certamente virá

    Sete vacas bonitas e sete espigas em sua formosura
    Dizem que haverá sete anos de fartura
    E sete vacas feias e sete espigas queimadas
    São sete anos de fome e de amargura
    E aconselhou Faraó a guardar o mantimento nos bons anos
    Pra nos anos ruins não sofrerem grandes danos

    Disse Faraó: Neste homem habita o Espírito de Deus!
    Vou colocar-te sobre todos os bens meus!
    Só eu serei maior que tu, em meu trono
    Do Egito, você será o senhor, o dono
    E deu a José o anel do seu próprio dedinho
    Um colar de ouro, roupas de fino linho
    E pôs José num carro e lhe deu honra e dignidade
    E José nos sete anos fartos, cuidou bem de cada cidade
    E juntou muito trigo, como a areia do mar
    Eram tantos mantimentos, que até parou de contar
    E José teve um filho, deu-lhe o nome de Manassés
    Que quer dizer: Esquecer. Esquecer o mal e o revés
    Teve ainda outro lindo filho, que chamou de Efraim
    Que significa: Na terra da minha aflição, Deus lembrou-se de mim

    Então se acabou a fartura
    E veio o tempo ruim
    No Egito havia muito pão
    Mas no resto do mundo, não

    Jacó mandou seus filhos buscar mantimento
    E dez dos onze foram. Benjamim ficou
    Perder o caçula seria um tormento
    José, ele pensava, morreu, pra meu lamento

    Os irmãos de José chegaram lá e se inclinaram
    Diante de quem? De José, mas não o reconheceram
    Mas José, sim, e se lembrou do sonho antigo
    De sol, lua, estrela e feixes que diante dele se ajoelhavam
    José lhes disse, vocês não são povo amigo
    São espiões, e eles lhe contaram sobre a família, o clã
    Sobre o pai e o mais novo que ficaram em Canaã
    E sobre um deles que já não existia
    (Mas José existia, vivia!)

    José de novo disse: Vocês todos são espias
    E os colocou na prisão por três dias
    Deixou preso mais tempo Simeão
    E mandou os outros buscarem Benjamim, seu irmão
    Se eles não voltassem, disse, cabeças rolarão
    Então reconheceram que aquilo era um castigo
    Pois viram José angustiado, e não lhe deram abrigo
    Rubem se lembrou que queria tê-lo livrado
    Mas eles não o ouviram, e o venderam, coitado

    José não era egípcio e tudo entendia
    De cada um de seus olhos uma lágrima saía
    Então se retirou, e quando voltou, ordenou
    Que enchessem os sacos de trigo
    E devolvessem o pagamento

    Seus irmãos, menos Simeão, voltaram
    E ao seu pai Jacó, toda a história contaram
    Jacó se lamentou: Sem José, sem Simeão
    O que querem mais fazer a mim?
    Levarem o meu querido Benjamim?
    E vendo o dinheiro todo no saco
    O coração bateu ainda mais fraco
    Pensaram ser uma cilada
    E que terminariam mortos pela espada

    Mas Rubem ao seu pai prometeu
    Que guardaria o caçula como se fosse filho seu
    Jacó não queria de jeito nenhum
    Mas quando acabou a comida, e ficaram em jejum
    Vendo que não havia outra maneira
    Judá disse ao pai, seria uma besteira
    Morrermos todos de fome, sentados na cadeira
    Serei o responsável pela vida de Benjamim
    Se eu não o trouxer, a culpa cairá sobre mim

    Então Jacó os enviou com presentes e muito dinheiro
    E a Deus pediu: Traga de volta meu Benjamim inteiro
    E Simeão são e salvo, este é meu alvo

    Voltaram ao Egito com dinheiro em dobro e presentes
    Quando José viu Benjamim, contente, mostrou seus dentes
    E mandou seus servos prepararem um banquete
    E levar todos a comer em seu próprio palacete

    Eles com muito medo, pensando ser cilada
    Contaram a história, muito bem contada
    Dos sacos de dinheiro que vieram com o mantimento
    Quando retornavam a casa, em cima de cada jumento

    José disse: O dinheiro chegou até a mim, fiquem em paz
    Foi Deus que quis enriquecer vocês, e fez aquilo, rapaz
    Os irmãos se prostraram diante dele novamente
    E entregaram a ele um belo presente

    E jantaram com ele, e a porção de Benjamim era bem maior
    E José ao vê-lo, comovido, saiu pra chorar em outro lugar
    Interessante é que o lugar de todos na mesa
    Foi organizado de acordo com a idade. Que surpresa!

    Após comerem, se despediram e voltariam para o lar
    Mas José preparou uma cilada para os pegar
    De novo, com o mantimento, no saco pôs dinheirim
    E seu copo de prata no saco de Benjamim

    Quando estavam ainda perto, cada um em seu jumento
    Um servo gritou a eles: Um momento!
    Roubaram, do governador, o copo de prata
    Ele fez o bem, e vocês, esta coisa chata?

    Eles disseram: Não fizemos isso
    Quem for achado com o copo, que morra
    E nós todos iremos para a masmorra

    A resposta foi: Não. Será preso só o ladrão
    Os outros soltos. Só se quer o culpado
    Mas no saco de Benjamim o copo foi achado
    E rasgaram as vestes, voltando à cidade
    E a José disseram a verdade

    Nosso pai é velho, e Benjamim é o mais novo e querido
    Seu irmão foi morto, e nosso pai ficou muito sentido
    Se Benjamim não voltar, nosso pai ficará comovido
    Morrerá triste, e ferido, por isso, a ele foi prometido
    Que voltaria Benjamim em segurança e paz
    E que mal nenhum aconteceria ao rapaz
    Então faça assim, fico eu, Judá, em seu lugar, por escravo
    E que os demais voltem ao nosso povo

    Então o governador chorou e chorou
    Sou José, irmão de vocês, ele falou!
    Mas não fiquem tristes por me causarem tormento
    Pois Deus aqui me colocou, para a todos dar livramento
    Na fome, preservar a vida e o alimento
    Apressem-se contar ao meu pai esta história
    Que sou vivo, que me deram aqui honra e glória
    E se lançou ao pescoço de Benjamim, e chorou
    E Benjamim ao seu pescoço também se lançou
    E a todos beijou e abraçou

    E Faraó, sabendo de tudo isso que foi dito
    Mandou os irmãos buscarem Jacó, e voltarem ao Egito
    Eles foram com presentes e carros para trazer as pessoas
    Roupas, pão, e tantas coisas boas
    Quando contaram a Jacó que José vivia e governava
    Ele quase desmaiou, porque não acreditava
    Mas vendo os carros, enfim acreditou
    E disse: Vive José e a ele vou
    Preciso muito a ele ver
    Antes de enfim, morrer

    E José foi ao encontro de Jacó
    E ao se verem, era um choro só
    Mas choro de alegria, porque tinham gosto
    Em olhar cada um para o outro rosto
    E Faraó deu a Jacó e todo o seu povo
    Muitas terras, e ali cresceram e se alegraram de novo


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