October's Song

Outono, finitude e memória em “October's Song” do Skid Row

A faixa trata “outubro” como um espaço entre outono e inverno, onde vida e morte se tocam. O refrão desloca o heroísmo da subida para o desafio do declínio, mirando a aceitação da finitude. As imagens sazonais — “Winter’s on the rise / Autumn still in my eyes” (O inverno está chegando / o outono ainda nos meus olhos) e “Reborn as daylight dies” (Renascer quando a luz do dia morre) — conectam ocaso e possível renascimento. Há um duplo sentido em “Mother”: pode ser a mãe literal — “Mother change in the seasons I see” (Mãe, vejo a mudança nas estações) — e também a Mãe Natureza, o que dá ao convite “step to the light” (siga para a luz) uma oscilação entre mortalidade e ciclo natural. O lançamento do álbum em 14 de outubro de 2022 reforça essa moldura de transição, assim como a imagem de “The night of the longest goodbyes” (A noite das despedidas mais longas).

A segunda estrofe explicita a ausência paterna e sua permanência simbólica: “Father saving our places in time / Passing into the sublime” (Pai guardando nossos lugares no tempo / passando para o sublime) sugere que ele já morreu e deixou a memória como força — “Strength through your memory” (Força por meio da sua memória) — enquanto a mãe ainda sente a passagem do tempo. “Life has gone to sleep” (A vida adormeceu) usa o inverno como metáfora de morte/hibernação, e “I’m scared of what can not be seen / But I’ll see you again in between” (Tenho medo do que não pode ser visto / mas vou te ver de novo nesse entre) projeta um reencontro nesse espaço liminar. O refrão retoma a angústia diária — “What do we do when the light that we shine fades away” (O que fazemos quando a luz que irradiamos se apaga) — e conclui entre ação e entrega: “We leave the prayers and confessions behind… Waiting on fate” (Deixamos as orações e confissões para trás... à espera do destino). Balada contemplativa do Skid Row sobre mortalidade, passagem e a busca por serenidade quando a luz começa a apagar.