Beggars And Hangers On

“Beggars And Hangers On”: entre amor negado e pressão

A imagem “Is that a noose or a wedding band” (isso é uma corda de enforcar ou uma aliança?) coloca casamento e enforcamento lado a lado, como se o noivado dela fosse sentença, não promessa. “Beggars and hangers-on” (pedintes e parasitas) soa menos como fofoqueiros e mais como gente moralista — inclusive “someone with a bible in his pocket” (alguém com uma bíblia no bolso) — que distorce a percepção e empurra a relação para o abismo. O enredo é direto: o narrador está apaixonado por alguém “promised to a wealthy man” (prometida a um homem rico). Desde o começo, a tensão entre dinheiro, status e desejo o deixa à margem, inseguro e desvalorizado.

Os sinais de colapso — “Nervous twitchin’...” (tique nervoso...) / “I can’t get out of bed” (não consigo sair da cama) — sugerem ansiedade e possível fuga em vícios, daí a busca por um “healer” (curandeiro). O refrão admite duas leituras: literal, como oportunistas e religiosos de bolso que “chip it away” (vão corroendo isso) e os separam; ou interna, como os próprios demônios do narrador sabotando qualquer chance. A oscilação entre queda e resistência aparece quando ele tenta se desligar — “I was wrong I don’t need you” (eu estava errado, não preciso de você) — mas assume o fardo em “another cross I’ll have to bear” (outra cruz que vou ter de carregar). “Bury your soul in the river” (enterrar sua alma no rio) evoca batismo sombrio e autonegação, enquanto “we were born to die” (nascemos para morrer) sela o fatalismo. Coescrita por Duff McKagan e nascida de material recusado pelo Guns N’ Roses, “Beggars And Hangers On”, do Slash's Snakepit, ganhou força crua na performance no programa de Howard Stern, em 1995, ecoando a urgência e a tensão da letra.