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Comida

Slow J

LetraSignificado

    [Slow J]
    Eu tou tão longe da verdade pura. Dura
    À procura da sanidade do outro lado da loucura
    Diz o monge que a verdade cura. Jura
    Mas por mais que eu sorria volta sempre chuva

    E volto a ser humano e para onde é que ele volta?
    Se não és rico, nem pobre, nem preto, nem branco
    Qual a camisola, brother? Só me isola, brother
    Tão-me a meter etiquetas, gavetas só tretas
    Pa ver se a minha sola cola

    Isto é de sol a sol
    O meu caminho a mim pertence
    Isto é pa toda a gente e eu repito toda a gente

    Nada nos une, nada nos separa, preso, penso
    Teoria insana em que eu vivo, clinicamente tenso

    Eu tou pronto pa conversarmos a sério
    E se eu tiver a errar o passo no terraço do prédio
    Dá-me a verdade crua e cristalina
    Dá-me a tua perspectiva, a chave
    Eu já nasci com um olho fechado

    Isto não é comida, brother, mas espero que te alimente
    A fome desta alma, que aguça o meu pensamento
    Abrupta voz da calma, nunca dorme, nunca mente
    Passado não alimenta o meu presente, eu paro o tempo

    Pernoito raramente em casa, a cota sente a falta
    Meus putos no café já dizem que eu esqueci da malta
    Eu acho que senti saudade até uma certa idade
    Mas lá pá sétima mudança o sentimento
    É claramente bloqueado pela cabeça, eu tava mais calado

    Puto anestesiado, mo pai tá informado
    Chegava a casa cada dia, 10 anos cansado
    20 anos, 30 anos, nunca o ouvi queixar-se

    E vi tão pouco, 18 anos dessa fé dos outros
    Se Deus alguma vez me ouviu
    Não me culpou pelos loucos amargurados
    Já fui tão manipulado, que hoje em dia
    Eu nunca sei se sou culpado, então eu nunca paro

    Eu sempre fui diferente, eu não escolhi prová-lo
    Eu minto raramente a gente que me ouviu no rádio
    Exactamente o mesmo, que me mente a mim o sábio
    O mesmo que me minto ao espelho, é tão dúbio o meu lábio

    Eu dava tudo por frases de Hemingway
    E por falar comigo próprio, honestamente como eu sei que
    Poderei um dia vir a ser, eu acredito
    Eu sou o meu pior inimigo, o que eu não consigo é
    Aceitar as minhas falhas, ver o ser humano
    Pensar na escada, passo a passo, quanto tempo tenho?

    Chamam-me hipócrita
    Apregoador de calma incógnita a mim próprio
    Evito viver sóbrio, evito ver que as tenho
    Nego ser ignorante, nego ser abençoado
    Nego limites, não me imites, acabarás magoado
    Nego doutores e horas de sono aconselhado pela ciência, boy

    Meu dia tem bem mais que 24
    O quarto, o parto, o dar-to um lar, tirar-to
    Eu vivo vidas entre linhas, J o encarnado

    Achei que isto era really real rap do Tibete
    Vai dizer ao Dalai Lama
    Que eu hoje 'tou a iluminar a track, nigga

    Peace 'pa todo o ser humano que procura paz
    Eu 'tou a procura da minha e tanta falta faz
    Hoje eu 'tou num daqueles dias em que é complicado
    Pensei em enrolar a minha e deixar-te um recado

    Tu és da rima ou do canto, tu és preto, ou és branco
    Tu vais para qual das gavetas, concentra-te no importante
    Se eu viver irrelevante
    Leva daqui que eu vi vida a cada instante

    Em cada nota do piano
    Em cada frase Nach'iana que eu decorei
    Cada beat de Dr. Dre, cada Kid Cudi
    Cada track de K. Dot, rap de tentar

    Se não foi 'pa legendary, foi 'pa quê?
    Antes de apontar gun, aponta no caderno o teu porquê
    Se não der para acabar com a fam' em Saint-Tropez
    Quem sabe aos domingos atacarmos o buffet

    E chegar a velhinhos, sermos quentes dentro, sorridentes lentos me'mo, orgulhosamente, como cotas no presente
    Que só se encontram raramente e isso assusta-me
    E muitas outras coisas igualmente

    Porque eu não faço sons, nunca ousarei ser tão eloquente
    Eu só rezo por música diferente
    Eu nunca fui guloso, só quis algo mais que amigo
    Fazer ao Rui Veloso o que o Ronaldo fez com o Figo
    Fome de ser colosso circulou e o ser colou-se
    Ao ser que só queria ser feliz, mesmo que sem abrigo

    Eu devo ser um ser antigo
    Para parecer-me, deves parecer-te só contigo
    Eu devo ser um ser antigo
    Para parecer-me, deves parecer-te só contigo

    Ligo o mic barro o pão, 80 barras para degustação
    Já ninguém me agarra sem a vocação
    Isto é de coração
    Designs vindos do interior
    Nigga, eu faço isso por amor, não por bajulação

    Icónico é o ócio de homens que desdenham
    O lógico da corja pela imaginação
    Se o tópico é um top e cu tópicos nos trópicos
    És cómico e tens cotação

    Eu sou um homem ou uma mutação
    Eu sou ótimo, o óbito da perfeição
    Eu não me prendo nessa caixa, eu sou libertação
    Eu não sou quente, eu só ostento a minha lentidão

    Dá-me uma prenda e sente a pulsação
    'Mo mano aguenta tudo o que é pressão
    Forjado a aço
    No meu braço eu tenho traços de quem nunca faz as pazes com essa estagnação
    Hoje eu aprendo mais uma lição
    Isto nem é damn, só demonstração

    É assim que eu encho tracks tipo bolsos, mãe
    97, 98, 99, 100


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