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Auroras Flamboyants

Sofia Freire

Letra

    De repente abro as portas
    Me vejo arrastar correntes
    Nesse quarto
    Eu sinto cravar no peito
    As unhas das horas amargas
    Num leito de ferro
    Anúncio de morte
    Uma fera que ruge
    E quer se soltar

    Um vaso vazio
    Lâmpada queimada
    Breu que fere e afaga
    Na falta da fé
    Eu não tenho grades, nem janelas
    Eu não tenho sono, nem pressa
    Um dia fui serva de um rei
    Na dança do fogo
    Cantei raios e trovões
    Anunciando a manhã
    Inventei a vida
    Adiei o fim
    Banhei terra e semente
    De auroras flamboyants


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