A Voz do Gueto

(O hip-hop)
É a voz do gueto, a trilha de guerra
Fabricada nas ruas de terra

O tempo não apaga o grau do pensamento
A fé que o rap carrega e a força que vem de dentro
Derrubar muralhas até depois da morte
Cria o mito em carne e osso entre o fracasso é o holofote
Que faz do hip hop nosso escudo de aço
Somos Um Só pelo povo, pelo gueto somos soldados
Eaze-e, Che Guevara, aprisionado em um só
O sonho de Luther King, a tempestade de Jó
Escondido atrás da lupa, bombeta, moletom
Nas frases da camisa e no ritmo do som
Geneticamente forte enquanto a guerra prossegue
O inimigo acelera o moto das Hornet
Não basta ser titular tem que jogar com a 10
Contra-atacar o opressor na potência dos decibéis
Chega de inocente no corredor da morte
Com tanto talento escondido atrás de um revólver
Programado pra reagir, o soldado cumpre a missão
Da zona leste do gueto, das ruas do Raspadão
Todo sofredor tem um pouco de Two Pac
Notorius Big, Dina Dee, Sabotage
Somos mais que as Farc, Al Qaeda, hezbollah
Somos mais do que um show e disco pra autografar
Tratado de paz na guerra e o sonho no coração
Se as rádio não divulgar, nós lança de mão e mão
Contrariando o fracasso aliado aos falantes
Me sinto marchando contra uma fila de tanque
Tipo um personagem da guerrilha cubana
Aquele que acredita tanto que revoluciona
Nos Fronts, na contenção, pode pá que é nós
Porque a rua pediu e ainda pede uma voz
Dos morros vem o aviso pelo rádio o som mais temido
Distante da moda continua vivo

(O hip-hop)
É a voz do gueto, a trilha de guerra
Fabricada nas ruas de terra

Da Jamaica para os Estados Unidos
Surgiu o rap mais que um ritmo
Ganhou o mundo, becos e vielas
Fez do passa fome uma lenda da favela
Chega de palanque promessas vazias
Quem diria o maloqueiro ter a sua mídia
Uma sintonia só no país todo
Injeção de bomba que faz os monstros
Roupagem única, gueto mania
Uma afronta para aristocracia
O verso ainda não é causa perdida
Por isso Ianque é astro e nós Guevarista
De África Bambaata aos versos de G.O.G
Muda os nomes e segue o proceder
Roma pegou fogo, a babilônia caiu
É a nossa vez de acender o pavio
O peso da missão é o suor na camiseta
Jogador com o coração na ponta da caneta
Infelizmente o passado se faz no futuro
Ter que repetir até tu Brutus
Se no balé a pretinha é escrachada
No Break desbancou sua tradição da Itália
O nosso Diego Velásquez grafita estações
O DJ tocado som que inflama as multidões
Public Enemy, N.W. a, LF
O grito soa alto e a marcha prossegue
Blindou o seu carro, construiu a sua fortaleza
Deixou a rua pra nós fizemos de trincheira
Não quero o seu mundo, nem a sua filha
Mas põem sua gente de escravo e não a minha
Sua aula de etiqueta perdeu feio pro gueto
O que ouve por aí, pode crer é nós mesmo

(O hip-hop)
É a voz do gueto, a trilha de guerra
Fabricada nas ruas de terra