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Letra

    Ya
    Net tape união verbal
    Strata, Karabinieri da-me beat

    Tinha apenas 7 quando tudo aconteceu
    O pai aproveitou-se e ela nem se apercebeu
    Rita, era a menina mais bonita
    Flor em crescimento, a pura dolcevita

    Durante a noite, no quarto ela via vultos
    Rita, bem-vinda ao mundo dos adultos
    Este foi o primeiro de muitos abusos
    E quando o tempo passou, deixou vizinhos confusos

    As idas ao hospital passaram a ser frequentes
    Pois, acabavam em soro, marcas e tratamentos
    Mas, Rita foi crescendo e guardando essa dor
    Num sonho incolor cheio de raiva e rancor

    Na vida a preto e branco, onde o preto predomina
    Rita, a menina lá da esquina
    O tempo passava e a menina não sorria
    Porque, ela só chorava quando o pai a possuía

    Porque ela só rezava pra que tudo acabasse
    Esse bandido trouxe-lhe um olhar baço

    E a stora dizia que ela andava distraída
    Podera men, vivia com um suicida
    E quando dava o toque da campainha
    Ela não queria ir pra casa e muito menos sozinha

    Agarrava em lápis e pintava no caderno
    Uma casa com a morada do Inferno
    O código-postal era o 666
    Onde o Diabo a penetrava e ditava todas as leis

    A TV da vida, onde se vê nu e cru
    Não pintava o pai, ela pintava Belsebu
    Pintava uma mãe imaginária a dourado
    Imagem rotinária, ver o pai embriagado

    E a palavra de ordem, agora
    É sobreviver, porque ele não quer saber
    E já nem lhe dá de comer

    Não se preocupa
    Já nem se importa com ela
    Rita, é um insecto
    Vista à lupa, numa sela

    Forçada a crescer nesse clima hóstil
    Juntamente com uma besta, que adorava esse estilo
    Um triste, que não tinha outro nome
    É triste... Porque ele ainda tinha fome

    E não te enganes que não é comida de mesa
    Porque ele era o predador
    E a menina era a presa

    Assim acontecia, não falhava a 6ªfeira
    Cumpria a profecia, com Cristo na cabeceira
    Mas, além da 6ª, já era habitual
    Toda a semana, era o puro ritual

    Mês, após mês
    Ano, após ano
    Vez, após vez
    Ele tornou-se profano

    Olhava-se no espelho
    E adorava o que via
    Rita, olhava o espelho
    E detestava o que via!

    Sentia-se inferior
    Um olhar adormecido
    Num filme de terror
    Que não queria ter conhecido

    O pior é que esse cobarde
    Guardava o massacre em cassete
    Filmava tudo, no fim publicava na net

    Mas Rita aguentou só até aos 17
    É melhor ouvires o resto, boy, porque isto promete!

    Um dia chega a casa virada do avesso
    Pôs a mala no chão
    E ao pé dela, pôs o terço

    Rezou a Deus e antes de tudo
    Pediu perdão
    Ela tinha medo, mas
    Tinha convicção

    Com uma faca na mão
    À espera que ele entrasse
    Queria acabar com tudo
    Antes que ele a penetrasse

    Ele abre a porta e diz
    Desculpa o que tenho feito!
    Mas com a morte da tua mãe
    Eu perdi o teu respeito
    Nunca fui perfeito
    Perdoa-me ter-te tocado!

    Ela espeta-lhe a faca e diz
    Estás perdoado!

    Isto é para todas as pessoas que já foi abusada por esses
    Parasitas
    Porque há por aí muitas Ritas!
    Ya


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